Caso Procempa pode "desidratar" alianças ao governo do Estado

Caso Procempa pode "desidratar" alianças ao governo do Estado

Siglas avaliam repercussão das denúncias e o impacto na eleição de 2014

Flávia Bemfica/Correio do Povo

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A crise no PTB, gerada pelos desdobramentos das supostas irregularidades na Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa), já está em avaliação no governo do Estado – que hoje tem na sigla um dos principais aliados –, e também nos comandos estaduais dos partidos que cogitam a formação de coligações com os petebistas nas eleições de 2014. Para tentar acalmar os ânimos, e valendo-se da cassação do mandato do vereador Cássio Trogildo em Porto Alegre, os petebistas adotaram a estratégia de tentar restringir a crise à esfera municipal e ignorar o impacto das investigações sobre Claudio Manfrói.

Ex-conselheiro da Procempa e chefe de gabinete de líder na Assembleia, Manfrói é uma das principais figuras internas do partido no RS no que diz respeito à costura de alianças e às indicações políticas. Após as avaliações de que as especulações que pesam sobre Manfrói poderiam respingar em parte significativa dos colegas de partido, o presidente estadual do PTB e secretário de Obras do governo do Estado, Luiz Carlos Busato, decidiu se recolher. Para a linha de frente foi destacado o presidente do diretório municipal, Maurício Dziedricki. Além de presidente municipal, Dziedricki também é titular da pasta de Economia Solidária do governo estadual e vice-presidente de Mobilização do diretório gaúcho.

O artifício está longe de acalmar os aliados na esfera estadual ou mesmo na municipal. “O que esperamos é que o PTB não fique inerte sobre isso. O partido deve tomar providências, ter uma postura, uma atitude no sentido de saber qual é a responsabilidade”, cobra o presidente estadual do PT, deputado Raul Pont.

Os petistas, que até então comemoravam o fato de os petebistas já terem anunciado sua adesão à reeleição do governador Tarso Genro em 2014, agora se mostram mais cautelosos. Integrantes do núcleo de governo já admitem que a estratégia do PTB que, entre todos os aliados, antecipou o apoio como forma de tentar garantir a indicação do vice, perdeu peso nas negociações.

PDT e PMDB buscam distância da crise

Enquanto os petistas se preocupam com a crise no PTB, PDT e PMDB optaram pela estratégia do afastamento diplomático. “Não sou juiz. Isto é problema interno do PTB, e do PTB de Porto Alegre. No nosso caso, o partido nem está sendo apontado como o predileto para alianças”, informa o presidente estadual do PMDB, deputado Edson Brum. 

Segundo ele, na pesquisa interna que o PMDB realiza junto às bases, uma das questões é com qual sigla os peemedebistas preferem se coligar em 2014. “O que tem aparecido, por enquanto, é o PSB em primeiro e o PDT em segundo. Com o PMDB na cabeça de chapa, é claro. Porque existe até uma corrente no PMDB que está defendendo chapa pura”, comenta. Na Capital, o PMDB pressionou com força o prefeito José Fortunati (PDT) para que tirasse das mãos dos petebistas o controle da Procempa e acomodasse em seu lugar peemedebistas, mas não obteve sucesso.

O PDT estadual também prefere a distância. “Na verdade não temos nenhuma conversa de aliança com o PTB. Estamos debatendo se teremos candidatura própria ou se continuaremos com o PT. E o PTB, de saída, disse que ia seguir com o PT. Então não há o que conversar”, resume o presidente do PDT gaúcho, Romildo Bolzan Jr. Na avaliação de Bolzan Jr., apesar de os problemas atingirem a esfera municipal, a repercussão estadual é inevitável.

Internamente, os pedetistas avaliam que uma provável “desidratação” do PTB (que historicamente disputa com o PDT a herança trabalhista) lhes beneficia no caso de optarem pela manutenção da aliança com o PT. “O peso dos dois partidos já é muito diferente. Temos mais deputados, prefeitos, votos e estrutura e contribuímos de forma mais eficaz para o atual governo”, dispara um integrante da cúpula estadual. O PDT tem três deputados federais, sete estaduais, 69 prefeitos e 236.495 filiados. O PTB tem dois federais, seis estaduais, 28 prefeitos e 114.672 filiados.


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