CCJ suspende honorários de sucumbência, mas votação é inconclusiva

CCJ suspende honorários de sucumbência, mas votação é inconclusiva

Requerimento de 42 deputados para anular resolução da PGE não obteve número de votos suficientes para sair da Comissão

Flavia Bemfica

Parecer da deputada Juliana Brizola foi votado na reunião da CCJ

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Por seis votos a cinco, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa reprovou, na manhã desta terça-feira, o parecer da deputada Juliana Brizola (PDT), que era contrário a que o Legislativo anule o pagamento de honorários de sucumbência aos procuradores estaduais. Como, dentro do colegiado, a votação que não atinge um mínimo de sete votos, sejam eles contra ou a favor, é considerada inconclusiva, o requerimento para acabar com o pagamento, assinado por 42 parlamentares, vai continuar na CCJ, onde foi redistribuído entre os deputados que tiveram maioria, ou seja, entre os seis que votaram por suspender o pagamento dos honorários. O novo relator é o deputado Luiz Fernando Mainardi (PT).

O requerimento, de autoria do presidente da Comissão, deputado Edson Brum (MDB), e que recebeu o apoio de outros 41 deputados, pleiteia a anulação de uma resolução interna da PGE, a 151, emitida em abril deste ano, que decidiu pelo pagamento dos honorários de sucumbência sem que a autorização passasse pelo Legislativo. Em julho os honorários começaram a ser pagos. Na CCJ, o requerimento solicitando a anulação tramita desde o início de maio. No final de agosto Juliana emitiu seu parecer, contrário a iniciativa dos deputados o que, na prática, endossou a iniciativa da PGE. Foi este parecer que foi a votação nesta manhã no colegiado.

Acompanharam o entendimento da relatora os deputados Gabriel Souza (MDB), Frederico Antunes (PP), Fran Somensi (Republicanos) e Zilá Breitenbach (PSDB, suplente do deputado Luiz Henrique Viana). Os contrários ao relatório e, portanto, que entendem que a PGE não podia ter decidido pelo pagamento sem antes uma lei autorizativa ser aprovada pelo Parlamento, foram os deputados Edson Brum (MDB), Luiz Fernando Mainardi e Pepe Vargas (PT), Elton Weber (PSB), Sérgio Turra (PP) e Luciano Zucco (PSL). O PTB, nono partido com assento na CCJ, e que poderia ter decidido a votação, não participou da reunião. O titular da sigla no colegiado é o deputado Elizandro Sabino, que tem por suplente Dirceu Franciscon.

No debate aberto pela votação do relatório, o primeiro a se manifestar foi o deputado Giuseppe Riesgo (Novo), que não integra o colegiado, mas defendeu que a resolução da PGE “passou por cima” do Legislativo. “O Código de Processo Civil (CPC) de 2015 é bem claro: são devidos os honorários, desde que exista uma lei. Não existe. Tramitaram duas iniciativas para tentar aprovar uma lei, mas elas não prosperaram e aí decidiram fazer por resolução.” Pepe Vargas e Elton Weber se manifestaram no mesmo sentido, e argumentaram que o Executivo deve encaminhar projeto de lei sobre o tema para o Legislativo.

Juliana Brizola voltou a defender seu parecer, destacando os argumentos jurídicos que referiu no relatório, no qual considera o requerimento inconstitucional. O deputado Gabriel Souza também se manifestou argumentando que a CCJ não pode sustar ato do Executivo por discordar do mérito. Abriu-se uma rápida discussão sobre a questão da constitucionalidade, já que entre os que acompanham o entendimento de Juliana na CCJ há a avaliação de que lei estadual de 1994 já embasa o pagamento dos honorários.

O último a se manifestar foi Brum. Além da inexistência de lei autorizativa, ele referiu que a iniciativa da PGE rompe um acordo estabelecido entre os poderes quando da aprovação da lei dos subsídios, e segundo o qual  quem recebe subsídio não pode ser beneficiário de ‘penduricalhos’. O parlamentar fez ainda críticas à atuação da Procuradoria junto ao Legislativo. “Nunca tinha visto uma articulação e uma pressão tão grande de uma carreira como vi neste ano, de tanto tempo que o procurador ficou nesta Casa nos primeiros seis meses, tentando convencer parlamentares. Parece que não há coisas maiores a se fazer no RS.”

A apreciação do requerimento dos parlamentares só se concluirá na CCJ e seguirá sua tramitação na Casa (até o Plenário), se o novo relatório obtiver sete votos favoráveis.


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