Cenário eleitoral em Porto Alegre ainda é uma "equação difícil"

Cenário eleitoral em Porto Alegre ainda é uma "equação difícil"

Impasses valem para diferentes espectros políticos na Capital

Flavia Bemfica

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A 12 meses das eleições municipais de 2024, os principais partidos envolvidos tentam antecipar definições em Porto Alegre. Mas o cenário no maior colégio eleitoral do RS é descrito por analistas políticos como uma “equação difícil”, à esquerda e à direita.

Do centro para a direita, o prefeito Sebastião Melo, pré-candidato do MDB à reeleição, parece ter azeitado uma composição robusta. Ele antecipadamente fechou com o PL (mantendo a dobradinha com o vice Ricardo Gomes), o PP e o PTB. Tem encaminhamento dado como certo com o Podemos. E tudo indica que atrairá também o Republicanos. Mas, se o PSDB lançar candidatura própria na Capital, a conta do prefeito fica prejudicada.

O partido, federado com o Cidadania, já ventilou vários nomes. Entre eles, ganhou força o da deputada estadual Nadine Anflor. Os tucanos colocam na balança o que vale mais. Ficar sem candidato em Porto Alegre, de forma a manter as boas relações com o principal aliado, o MDB, e investir na tentativa de manter as três prefeituras que já comandam nos cinco maiores colégios: Caxias do Sul, Pelotas e Santa Maria. Ou tentar usar a Capital como vitrine para o governador Eduardo Leite e o próprio partido nacionalmente. Porque não há, entre tucanos e emedebistas,
quem acredite hoje na possibilidade de que Melo dê visibilidade a Leite em sua campanha. “Porto Alegre tem toda a base social e ideológica para fazer uma polarização. A esquerda vai vir com força e tem o seu quinhão. Isso já obriga um pouco Melo a se posicionar. Agora, se a Nadine for, divide a base.

E o prefeito vai precisar comprar a briga, “endireitar”. Ou seja, vai nacionalizar o debate. Agora, como é que o Melo vai se apresentar como direita? Eu diria que Porto Alegre, além de não ser um cenário fácil, tem muitos capítulos para serem escritos ainda”, resume a cientista social e política Elis Radmann, diretora do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO).

Além da costura política, o prefeito vai precisar administrar o ônus de quem já é governo. Na Capital, neste ano, ele enfrenta desgastes, principalmente nas áreas da educação, da mobilidade urbana e do recolhimento de lixo. “A mobilidade urbana e o transporte público vão continuar como pauta, até em função da relação preço/qualidade do serviço. Recolhimento de lixo e educação também são temas societários, bem visíveis na vida das pessoas. E devem se agregar meio ambiente e bem-estar animal”, adianta a professora Luciana Papi, que coordena o Núcleo de Pesquisa em Gestão Municipal (NupeGEM) da Escola de Administração da Ufrgs e é coordenadora eleita do programa de pós-graduação em Políticas Públicas da universidade.

Falta de consenso é comum a siglas do centro à esquerda 

Do centro à esquerda, a equação é complexa porque as legendas desse campo político novamente enfrentam dificuldades para chegar à união e afinar o discurso. O PT, que está federado ao PCdoB, e o PSol, federado com a Rede, projeta apresentar seu nome para a chapa majoritária no mês que vem, novembro. Escolherá entre a deputada federal Maria do Rosário e a deputada estadual Sofia Cavedon. Mas já está praticamente definido que a vaga ficará com Rosário e que o partido não vai abrir mão da cabeça de chapa em nome de uma aliança, mesmo que trabalhe para a formação de uma frente de esquerda.

Hoje o principal possível aliado, o PSol, insiste em prévias pluripartidárias, com a destinação da vaga de prefeito para o candidato que tiver melhor desempenho. O Movimento Negro Unificado lançou o deputado estadual Matheus Gomes para a composição da chapa, mas, nas negociações internas,
quem desponta são as deputadas Fernanda Melchionna e Luciana Genro.

Nas conversas, o PT admite as prévias. Mas, na prática, parte do partido é contra. A composição de uma chapa com duas mulheres de perfil semelhante também é avaliada. O PDT, que cita os nomes dos ex-deputados Juliana Brizola e Vieira da Cunha para uma candidatura própria ou composição, deve optar por Juliana, preferida do ministro Carlos Lupi.

Mas, se avançarem as negociações com o PT em nome das articulações nacionais, a equação fica ainda mais complexa, porque petistas, nesse caso, teriam que optar por um dos aliados para a composição da chapa. Hoje, em função da conjuntura local, a escolha provavelmente recairia sobre o PSol.


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