"Centrão veio das urnas, eleito pelo povo", diz Alcolumbre no RS

"Centrão veio das urnas, eleito pelo povo", diz Alcolumbre no RS

Ao ser questionado sobre pacote anticrime, presidente do Senado respondeu que prioridade é a Previdência

Flavia Bemfica

Alcolumbre participou como painelista convidado do almoço realizado em conjunto pelo Lide-RS e pela Federação Israelita do RS

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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM/AP), fez nesta sexta-feira em Porto Alegre uma defesa enfática do chamado ‘centrão’, o bloco de partidos que inclui, no Congresso, entre suas siglas, o próprio DEM, o PP, o PL (ex-PR), o PSD, o PRB, o SD e o PTB. Ele disse que os políticos e partidos que integram o bloco foram eleitos legitimamente, considerou os ataques que vem sendo feitos por movimentos que apoiam o presidente Jair Bolsonaro como uma injustiça, e relacionou a legitimidade do centrão à defesa das instituições no país.

“Quando eu falo em fortalecimento das instituições, me refiro às agressões que vem sendo feitas ao centrão. Considero uma injustiça que movimentos criminalizem o centrão, pois ele é o que veio das urnas, eleito pelo povo brasileiro. É muito pejorativo quando a gente começa a rotular as pessoas como se estivessem ameaçando ou chantageando o governo para votar a reforma. Vamos ser francos: a reforma precisa de 308 votos. Para além dos 150 deputados que votam a favor por considerá-la importante para o país, onde estão os quase 200 que faltam para aprová-la? No centrão que estão criminalizando. Não é possível que continuemos criminalizando a política. Agredir o centrão é agredir as reformas.”

A fala foi feita durante participação de Alcolumbre, como painelista convidado, do almoço realizado em conjunto pelo Lide-RS e a Federação Israelita do RS no Country Club, para falar sobre “O Parlamento e os desafios da política nacional”. O senador, que pouco antes, na coletiva de imprensa, havia evitado polemizar sobre os ataques generalizados ao Legislativo e ao Judiciário comuns entre aliados e apoiadores de Bolsonaro, e que recentemente passaram a ter como alvo o centrão, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), e o Supremo Tribunal Federal (STF), fez a defesa no momento em que  respondia a questões dos organizadores e convidados do evento. A pergunta apontava o centrão como representante da “política de acomodação de interesses.”

Na sequência, ao responder a outro questionamento, encaminhado pelo procurador-geral de Justiça do Estado, Fabiano Dallazen, Alcolumbre também não deixou margem para dúvida. A pergunta de Dallazen foi sobre a perspectiva de votação do projeto do pacote anticrime, do ministro da Justiça, Sérgio Moro. “O projeto de lei anticrime foi apresentado na Câmara. O presidente da Câmara apensou todos os projetos que tramitavam lá e formou uma comissão que está tratando da proposta. Mas quero aqui falar publicamente que o presidente da República, quando entregou a PEC da Previdência, disse para mim que a prioridade do seu governo é a reforma da Previdência. Eu estou, no Senado, com o que o presidente me disse. O foco é a reforma da Previdência, temos que manter o foco.”

No início de sua exposição, Alcolumbre havia citado nominalmente, como os projetos que considera fundamentais, os da reforma da Previdência, da reforma tributária e da alteração do pacto federativo, mas não o anticrime.

O presidente do Senado também reconheceu que o modelo adotado por Bolsonaro na relação com o Legislativo, em substituição ao chamado presidencialismo de coalizão, “tem se mostrado ineficiente do ponto de vista político-institucional.” Na sequência, completou que ainda não há uma base sólida e que “nenhum partido se sente representado como parte deste governo.” Mas ressalvou que a iniciativa de Bolsonaro, de firmar um ‘pacto’ entre poderes, é o início do que ele, Alcolumbre, considera “uma luz no fim do túnel”.

Na saída do almoço, o presidente do Senado afirmou que, em relação à reforma da Previdência, os senadores têm se posicionado no sentido de fazer alterações em dois pontos: o que trata do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o das aposentadorias rurais. “Logicamente que a reforma é muito complexa, as comissões estão trabalhando, e o Senado poderá se manifestar sobre adequações.” Questionado sobre se existe já um entendimento majoritário a respeito da capitalização, respondeu: “Não falamos de capitalização.”


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