Com embates e clima acirrado, CPIs da Educação são instaladas na Câmara de Porto Alegre

Com embates e clima acirrado, CPIs da Educação são instaladas na Câmara de Porto Alegre

Governo buscou relatoria em ambas as comissões, mas ficou de fora da oposição

Correio do Povo

Cecchim foi autor do pedido de requerimento, indeferido, para que houvesse votação para relator da CPI da oposição

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Com o mesmo nome e marcadas por tensão, as duas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Educação foram instaladas na Câmara de Porto Alegre nesta segunda-feira. Apesar de afirmarem que não há animosidade entre os pares, o clima de tensão no plenário Otávio Rocha já pairava antes mesmo do início da sessão. 

A CPI da "oposição", presidida pela vereadora Mari Pimentel (Novo), foi a segunda a ser instalada, sob o coro de "ditatorial" e "nada amigável". Isto porque a escolha do relator, Roberto Robaina (PSol), foi feita pela presidente, contrariando o que foi feito durante a abertura da primeira CPI, a "governista", quando o relator foi eleito pelos vereadores.

A decisão rendeu a Mari não só o título de estar sendo "ditatorial e não democrática", quanto questionamentos sobre sua atuação enquanto vereadora, uma vez que ela está no primeiro mandato. 

Aliados do governo tentaram mudar a forma de decisão através de um requerimento que foi rejeitado pela presidente. A medida, novamente, rendeu comentários. O vereador Moisés Barbosa (PSDB) chegou a afirmar que a presidente não "demonstrava seriedade", e lamentou a aliança entre o Novo, da presidente Mari, e o PSol, do relator Robaina. 

Com Mari na presidência e Robaina na relatoria, a vereadora Claudia Araújo (PSD) foi eleita a vice-presidente. As reuniões serão nas segundas-feiras, 10h.

Já a CPI governista será presidida pelo líder do governo, Idenir Cecchim (MDB), e terá a vice-presidência de Marcio Bins Ely (PDT) e relatoria de Mauro Pinheiro (PL). As reuniões serão nas quintas-feiras, às 10h. 

Entenda

As duas comissões são destinadas a investigar supostas irregularidades em compras de materiais pela Secretaria Municipal de Educação (Smed), mas, na prática, apresentam objetivos distintos.

Cecchim afirma que a maioria dos problemas já foi resolvida pela prefeitura e, portanto, a comissão deverá atuar como um mecanismo para "esclarecer e trazer transparência aos fatos".

Enquanto isso, Mari Pimentel informou que a CPI busca investigar e reunir informações sobre o ocorrido, a fim de contribuir, através do Legislativo, com as investigações de outros órgãos. 

"Nós começamos com o governo não admitindo que havia um problema. Depois, mudaram para um problema de logística, depois para problema de gestão. Até agora não tivemos acesso a todas as informações. Nem nós, nem a imprensa. E muitas vezes a gente sabe que o Ministério Público solicitou materiais e ainda não recebeu", explicou a vereadora. 

Duas CPIs, um mesmo assunto

A instalação das duas CPIs para tratar do mesmo assunto estremeceu os ânimos da Câmara. Segundo o líder do governo, o entendimento do procurador de que havia a possibilidade de ambas coexistirem foi equivocado. Cecchim afirma que "apresentou primeiro" o requerimento de criação da comissão, e portanto, tinha prerrogativa de "inicial" de existir. Além disso, ainda que a sua colega de plenário já estivesse envolvida no assunto, ele "não ouviu" que ela teria planos de também o fazer. 

Questionado se a relação intrínseca com o governo poderia prejudicar as investigações da CPI, o vereador disse que não, uma vez que há parlamentares de diferentes partidos dentro da comissão e serão dadas oportunidades de participação a todos.

"Se tiverem mal feitos, serão expostos". No entanto, reforçou que as principais questões envolvendo os escândalos da educação já foram resolvidos. "Todos os materiais e valores já foram destinados", reforçou. 

Do outro lado, presidente e relator estão confiantes de que a comissão instaurada por eles irá, de fato, investigar o ocorrido, ao invés de "tentar atrapalhar", como Robaina definiu a atuação do outro colegiado.

Mari já prevê que a depender do resultado as conclusões da sua comissão não serão aprovadas em votação pelos colegas, uma vez que o governo tem a maioria na Casa. Entretanto, não vê problema, desde que consiga "trazer transparência à população" e que, com isso, casos iguais não voltem a acontecer. 


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