Convenção marca novo momento do MDB no RS

Convenção marca novo momento do MDB no RS

Apesar do ainda evidente racha, após a quase prévia, lideranças reforçaram a necessidade de o partido se unificar para as eleições

Flávia Simões*

Fábio Branco (entre os ex-governadores) comandará o MDB no Estado

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Neste domingo o MDB gaúcho se uniu e conduziu, oficialmente, o prefeito de Rio Grande, Fábio Branco, à presidência do partido. Em uma convenção com mais de 400 participantes, em Porto Alegre, apesar dos discursos de soberania do partido e do consenso sobre a necessidade de retorno ao Palácio Piratini, o racha ficou evidente nas falas e na postura de líderes presentes. 

Agora, todas as fichas estão nas mãos da nova presidência, que terá pela frente a missão de encaminhar a escolha de quem será o candidato do MDB ao governo do Estado. Os dois postulantes à vaga, que quase disputaram a prévia, os deputados federal Alceu Moreira e estadual Gabriel Souza, além de outros importantes nomes da legenda, reiteraram a confiança em Fábio Branco para a missão. O objetivo, agora, é “colocar a bola no centro”, expressão que foi repetida entre os discursos e tentar unificar o partido. 

Entretanto, a missão não vai ser fácil. Nos muitos discursos, para um auditório lotado e ativo, as indiretas, tanto favoráveis quanto contrárias, marcaram falas exaltadas. Assim como as críticas ao PSDB. Tanto em relação a uma aproximação quanto aos últimos movimentos do governador Eduardo Leite, que deverá deixar o ninho tucano para migrar para o PSD, de Gilberto Kassab, vislumbrando entrar novamente na disputa à presidência da República. 

Respeito a decisão da Executiva 

Foram os discursos de Alceu e Gabriel que encerraram a convenção. Ambos defenderam a união da sigla, mas usaram o momento para falar um ao outro, após o desgaste da quase prévia, a qual disputariam o voto dos emedebistas. “Não há hipótese que possa fazer o MDB marchar desunido, rumo à vitória nessas eleições. E da minha parte, sei que também da tua (Alceu), independente da decisão que o partido tomar, nós nos submeteremos e faremos dela a decisão que nos levará à vitória”, afirmou Gabriel. Disse ainda esperar que as discussões dos últimos dias sirvam para fortalecer a sigla. 

Em sua fala, Alceu reafirmou o interesse de disputar o Palácio Piratini, mas que respeitará a decisão do partido. “Eu andei muito, mas agora eu estou pronto, absolutamente pronto, para governar meu Estado. Se o meu partido me der a honra de ser candidato a governador, eu vou trabalhar com todas as forças para fazer a melhor coligação e fazer a melhor campanha e ganhar o governo do Estado”. Ele também fez referência ao adversário, dizendo que se Gabriel for escolhido, “no dia seguinte estou na tua campanha, mas não estou para te ajudar, estou para ajudar meu Estado, meu partido soberano”, pontuou Alceu.  

Alceu e Gabriel, durante preve encontro nos corredores. Foto: Fabiano Amaral

Lideranças criticam "pressa" e "aliança"

A convenção estadual do partido também foi marcada pela unidade nas manifestações sobre a defesa do legado do ex-governador José Ivo Sartori e foram muitas as falas sobre os feitos deixado pela sua gestão. O próprio lembrou que o seu governo “apanhou” muito, mas enalteceu a pluralidade. E que o desafio de “pensar no futuro” não é tarefa fácil. 
Ao mesmo tempo, uma ala do partido demonstrou descontentamento com os rumos que a sigla vem tomando, como foi o caso do ex-prefeito de Gravataí Marco Alba. Na convenção, ele destoou dos discursos de união e falou em tom de denúncia sobre a falta de aproximação do comando com a base. “Me preocupa essa unidade da forma que ela está ou que ela poderá ser construída”, afirmou ele, em uma crítica ao grupo que articulava a escolha do nome do partido para a disputa ao governo do Estado. Disse ainda ouvir muitas reclamações de emedebistas. “Aqui ou nós estamos sendo enganados ou nós estamos enganando as pessoas”, destacou.

Após o intitulado “sincericídio” de Alba, o secretário de Planejamento de Porto Alegre, Cezar Schirmer, fez chamado para que Sartori concorra e fez críticas à pressa em escolher um candidato ao Piratini. Na mesma linha, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, ressaltou que o partido deve esperar o fim da janela partidária, no início de abril, para escolher o nome. “Não é 30 dias que vai fazer o MDB vitorioso”. “Um grande erro até agora é querer começar uma aliança com pessoas e não com projetos”, pontuou o prefeito, em uma crítica indireta sobre como as negociações para a escolha do candidato estavam ocorrendo. 

Críticas também vieram do deputado federal Osmar Terra, que publicamente já fez contestações à aproximação do partido no governo de Eduardo Leite, o qual considerou “fraco”. “O governo não tem um rumo”, enfatizou aos presentes. 

Em tom conciliador, o ex-governador Germano Rigotto ressaltou que esse é o momento de o partido “construir caminhos para vitórias futuras”. Ressaltou que a sigla tem condições de conseguir a vitória independente da “construção da coligação”. Anunciado recentemente como o coordenador do plano de governo da pré-candidata à presidência pelo MDB, Simone Tebet, Rigotto defendeu o projeto, apesar da crítica feita por algumas lideranças. “Nós temos dois candidatos com grande rejeição. Há um espaço aberto para a construção de uma terceira via de utilidade no chamado centro democrático”, enfatizou. 

*Supervisão de Mauren Xavier


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