Crise no sistema político atual é debatida em evento na Assembleia

Crise no sistema político atual é debatida em evento na Assembleia

O presidente da Assembleia e os professores da UFRGS discutiram o assunto

Flávia Simões*

Encontro aconteceu em formato híbrido, no Plenarinho

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A crise de representação dos partidos políticos foi tema do debate na Assembleia Legislativa nesta quinta-feira. O evento foi promovido pela Assembleia em parceria com a UFRGS, o Centro de Estudos Europeus e Alemães (CDEA) e KAS Brasil. Há menos de um ano das eleições, onde os eleitores retornam às urnas para escolher quem os representará pelos próximos quatro anos, os professores de pós-graduação da UFRGS Silvana Krause e Paulo Peres e o presidente da Casa, Gabriel Souza (MDB), dialogaram acerca dos motivos que levaram ao descrédito do atual sistema político por parte da população. 

Segundo Silvana, o apartidarismo é um fenômeno que cresceu e ganhou força no país. Para a professora, o motivo está relacionado, entre outros pontos, pela facilidade de migração dos políticos entre as siglas - o que deverá aumentar com a aprovação da reforma eleitoral - e, como consequência, a migração de votos dos eleitores. De acordo com ela, essa movimentação reforça a dificuldade da população de aceitar os partidos como seus representantes.  

O problema, porém, é que conforme a crise nos partidos aumenta, a personificação da política também cresce, explicou o professor Paulo Peres. "Quando os partidos entram em crise, ocorre a ascensão de um líder que dialoga com uma parte da massa", disse. Esse líder tende a ganhar mais popularidade e passa a comandar as siglas, influenciando a governabilidade.

O processo é, contudo, cíclico, como apontou o presidente da Assembleia, uma vez que o nosso sistema eleitoral, através de mecanismos como o Fundo Eleitoral que distribui o financiamento com base naqueles partidos com o maior número de candidatos eleitos. Para Souza, essa falha (que é terreno fértil para a ascensão de populistas) é explicada em partes pela falta de simetria entre o sistema e a sociedade. “Se fosse um livro, é como se o Estado estivesse na introdução e a sociedade no capítulo final”.

O argumento foi reforçado pelo professor, que apontou para a falha dos partidos políticos em fazer a intermediação entre a sociedade e o Estado. 

Para Silvana Krause, dentro desse complexo cenário político atual um dos principais desafios para as próximas eleições no Brasil é “como chegar ao centro e evitar os extremos”.

*Sob supervisão de Mauren Xavier

 


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