Cunhada de Vaccari nega ter recebido dinheiro da OAS

Cunhada de Vaccari nega ter recebido dinheiro da OAS

Marice Correa Lima disse que não tinha viajado para o Panamá para fugir do decreto de prisão temporário

AE

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A cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto negou nesta segunda-feira em depoimento a policiais federais que atuam na Operação Lava Jato, em Curitiba, ter recebido propina em dinheiro vivo da OAS, empreiteira sob investigação por ter participado do cartel que assumiu contratos bilionários na Petrobrás entre 2003 e 2014. Marice Correa Lima depôs durante duas horas e meia e disse que não tinha viajado para o Panamá para fugir do decreto de prisão temporária, emitida na semana passada.

Marice disse que foi àquele país da América Central para participar do Fórum Sindical das Américas. Quando soube da ordem de prisão temporária, estava em férias na Costa Rica e imediatamente retornou ao Brasil - na sexta feira, ela se entregou à Polícia Federal. Ela continuará detida até a Justiça decidir se prorroga ou não a prisão temporária.

A cunhada de Vaccari foi questionada sobre dois repasses de aproximadamente R$ 400 mil cada para o tesoureiro do PT que seriam destinados ao partido, conforme depoimento em delação premiada do doleiro Alberto Youssef. O valor total de R$ 880 mil teria sido pago pela empresa Toshiba Infraestrutura em uma contratação para obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), entre 2009 e 2010 - a empresa nega o repasse.

Um dos pagamentos teria sido recebido por Marice no escritório do doleiro em São Paulo. Em novembro, quando foi deflagrada a sétima fase da Lava Jato, batizada de Juízo Final, o ministério Público Federal chegou a requerer a prisão temporária de Marice sob o argumento que ela teria recebido "valores vultosos em espécie" do doleiro "em entrega solicitada pela OAS".

Apartamento Na ocasião, a Justiça mandou que ela fosse conduzida à PF para depor. Já naquela oportunidade, Marice rechaçou a informação de que teria recebido da OAS. Na segunda, segundo seu advogado, o criminalista Cláudio Pimentel, ela também afirmou que não houve irregularidades na compra do apartamento OAS Bancoop, transação sob suspeita da Procuradoria.

Os investigadores da Lava Jato apontam que, ao comprar o imóvel, ela lucrou 100% em um ano. Adquiriu o apartamento por R$ 200 mil e o vendeu no ano seguinte por R$ 432 mil para a própria empreiteira.

A Lava Jato vê "caráter fraudulento na transação" e que o negócio "serviu para ocultar e dissimular a origem ilícita dos recursos, tratando-se de possível vantagem indevida paga pela OAS a João Vaccari Neto".

Marice disse que, em liberdade, poderá localizar todos os documentos relativos à compra do apartamento e outros de interesse da Lava Jato. Pimentel disse que sua cliente "ratificou o depoimento que já tinha prestado em novembro".

"Ela está tranquila, apesar das condições, e plenamente à disposição da Justiça", anotou o advogado. "Não creio que haja necessidade da manutenção da custódia. Ela deu todas as explicações, respondeu a todas as perguntas. Suas movimentações financeiras estão refletidas no Imposto de Renda, tudo declarado. Não há nenhuma incompatibilidade de movimentação financeira com seus rendimentos".


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