Declarações de Lula sobre papel dos EUA na guerra da Ucrânia geram mal-estar em Washington

Declarações de Lula sobre papel dos EUA na guerra da Ucrânia geram mal-estar em Washington

Presidente afirmou, neste domingo, em Abu Dhabi, que os Estados Unidos contribuem para o prolongamento do conflito

R7

Presidente afirmou, neste domingo, em Abu Dhabi, que os Estados Unidos contribuem para o prolongamento do conflito

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As recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que os Estados Unidos contribuem para a manutenção da guerra entre Rússia e Ucrânia geraram incomôdo em Washington, de acordo com uma fonte diplomática norte-americana.

O petista também criticou o uso do dólar em relações comerciais entre países e defendeu a criação de uma moeda única para uso do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. As falas foram vistas pelas autoridades norte-americanas como um sinal de aproximação com a China e de distanciamento com os EUA.

Neste domingo (16), o petista afirmou em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes, que os EUA e a Europa contribuem para o prolongamento do conflito na Ucrânia. "A paz está muito difícil. O presidente [da Rússia, Vladimir] Putin não toma iniciativa de paz, o [presidente da Ucrânia, Volodymyr] Zelensky não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando a contribuição para a continuidade desta guerra", disse.

A declaração ocorre um dia após o presidente ter defendido o fim do envio de armamentos para Ucrânia e afirmado que os EUA precisavam "parar de incentivar a guerra".

Relação com a China

O presidente da República negou que a visita ao território chinês cause tensão política com o governo americano. "Tenho certeza que a nossa relação com a China não é, necessariamente, capaz de criar nenhum arranhão com os Estados Unidos".

"Quando eu vou conversar com os Estados Unidos, eu não fico preocupado com o que a China vai pensar da minha conversa com os Estados Unidos. Eu estou conversando sobre os interesses soberanos do meu país. Quando eu venho conversar com a China, eu também não estou preocupado com o que o Estados Unidos estão pensando", argumentou.

De acordo com Lula, os acordos assinados pelo Brasil não têm viés ideológico e dizem respeito a interesses nacionais. "O Brasil tem que fazer acordos possíveis com todos os países. Nós não temos escolhas políticas, escolhas ideológicas. Nós temos uma escolha de interesse nacional — interesse do povo brasileiro, interesse da indústria nacional, interesse da nossa soberania", disse.


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