Diante de morte de Marielle, deputados europeus pedem suspensão de negociação com Mercosul

Diante de morte de Marielle, deputados europeus pedem suspensão de negociação com Mercosul

Grupos políticos ainda fazem ato em sessão do Parlamento Europeu com cartazes para homenagear a vereadora carioca

AE

Quinta-feira é marcada por manifestações em todo o país

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O partido espanhol Podemos enviou uma carta para a Comissão Europeia exigindo que bloco "condene" o assassinato da vereadora Marielle Franco e que as autoridades em Bruxelas suspendam as negociações comerciais para fechar um acordo de livre comércio entre a Europa e o Mercosul.

O pedido de suspensão das negociações ainda foi solicitado por outros grupos do Parlamento Europeu, em especial a aliança de 52 euro deputados que formam parte da Esquerda Europeia Unida. "Pedimos para a Comissão uma suspensão imediata das negociações com o Mercosul até que haja o fim da violência e intimidação contra a oposição política e defensores de direitos humanos", declararam os partidos da aliança de esquerda.

Vereadora Marielle Franco é assassinada a tiros no centro do Rio

O grupo representa menos de 10% dos 750 membros do Parlamento Europeu. Ainda assim, na carta, os deputados do partido espanhol insistiram que a Europa deve exigir que o Brasil faça "uma investigação independente, rápida e exaustiva que permita chegar à verdade e Justiça".

A carta foi assinada por Miguel Urbán, deputado do Podemos no Parlamento Europeu e porta-voz do grupo político. O documento foi enviado para a Alta Representante para Assuntos Exteriores da Europa, Federica Mogherini.

Urbán também fez uma declaração, em plena reunião do Parlamento Europeu, com cartazes em homenagem à vereadora brasileira.

"Sendo o Brasil um país sócio da UE e observando que a Comissão está negociando atualmente um acordo comercial com o Mercosul, (pedimos) que as negociações comerciais sejam suspensas de forma imediata e seja manifestado seu compromisso com a defesa dos direitos humanos", aponta o documento, obtido pelo Estado.

"As atividades das pessoas comprometidas com a defesa dos direitos humanos são mais que necessárias", escreveu. O grupo cita informes que revelam que, em 2017, 312 defensores de direitos humanos foram mortos pelo mundo. Desses, 26 eram brasileiros.



"Assistimos, uma vez mais, o assassinato de uma ativista feminista e defensores de direitos humanos, um crime que se produz no contexto de um aumento da violência no Brasil e no Rio de Janeiro", disse Urbán. Para ele, isso é "fruto de uma crise econômica e social e das políticas de austeridade" conduzidas pelo governo de Michel Temer.

O parlamentar ainda cita a intervenção federal no Rio e insiste que "o assassinato de Marielle Franco foi deliberado". "A sombra de uma execução planejada com o objetivo de amedrontar as vozes críticas e defensoras dos oprimidos e de influenciar em campanha eleitoral que está começando", disse.

O vice-presidente da Delegação do Parlamento Europeu para o Mercosul, deputado Xabier Benito, também usou a morte da vereadora para atacar o governo de Temer. Segundo ele, é a atual gestão a "responsável pelo aumento das desigualdades e da violência no País". "Também o é subsidiariamente desse assassinato", declarou o deputado, também do Podemos.

"Mostramos toda nossa solidariedade com as companheiras e familiares de Marielle, e seguiremos exigindo desde o Parlamento Europeu a defesa dos direitos humanos e o papel que desempenham essas pessoas que, como Marielle, arriscam suas vidas por essa luta", disse Benito.

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