Dilma critica cortes do governo Temer em palestra a integrantes do MST

Dilma critica cortes do governo Temer em palestra a integrantes do MST

Mulheres sem terra deverão fazer marcha unificada na quinta-feira, em Porto Alegre

Franceli Stefani

Dilma participou de evento do MST nesta terça-feira

publicidade

Cercada de seguranças e de mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra (MST), a ex-presidente Dilma Rousseff participou na tarde da terça-feira, em Nova Santa Rita, de uma conferência para cerca de 800 pessoas. O Assentamento Capela recebeu trabalhadoras de diversas regiões do Estado. A atividade integrou a programação da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem-Terra. Com o tema “Em defesa da democracia e da soberania nacional: as mulheres como sujeitos de resistência”, Dilma falou por cerca de uma hora sobre sua história e seu afastamento da presidência. Salientou cortes feitos pelo governo Michel Temer e a falta de olhar para as classes menos favorecidas. “Se não havia crime, por que deram o golpe? Porque queriam enquadrar o Brasil”, afirmou ela.

Dilma enfatizou que o golpe buscou aplicar no Brasil um programa que jamais teria saído do voto popular. “Como tinham perdido quatro eleições consecutivas, só restava essa saída. Além disso, eles queriam estancar a sangria, as investigações que levariam até eles, com suas malas de dinheiro, seus apartamentos com R$ 51 milhões e toda riqueza que extraem, sistematicamente, da ocultação de seus lucros e da evasão fiscal”, detalhou.



A ex-presidente rotulou às mulheres participantes que a manobra política foi machista. Ela revelou que era considerada uma mulher dura: “Se fosse um homem, seria forte, não duro. Eles não têm o menor compromisso com a lógica, além de eu ser dura, eu era frágil e temerosa. Homem não, seria sensível. Eu tinha mania de trabalhar e fazia todos trabalhassem, o homem seria empreendedor”. Ela lembrou ainda que os direitos do povo trabalhador foram retirados, aos poucos. “Eu sei o que a agricultura familiar e os assentados da reforma agrária conquistaram e pela nossa identificação. Hoje, eles estão desmontando os programas.”

A prefeita de Nova Santa Rita, Margareth Ferreti, recepcionou a ex-presidente. Antes de iniciar seu pronunciamento, Dilma visitou um abatedouro de bovinos e suínos, além de agroindústria, que deverá ser inaugurado até o fim do ano. Serão cerca de 80 empregos diretos e a produção atenderá toda a região Metropolitana. O gestor do projeto, Airton Luiz Rubenich, informou que poderão ser abatidos cerca de 100 porcos ou de 25 a 30 bovinos. Foram investidos de R$ 7 a R$ 8 milhões.

A Jornada Nacional de Luta das Mulheres sem terra tem como tema “Quem não se movimenta, não sente as correntes que a prendem”, frase adaptada da revolucionária Rosa Luxemburgo. Da mesma forma que ocorreu em 2017, haverá, na próxima quinta, uma marcha unificada que envolverá cerca de duas mil trabalhadoras camponesas e sairá das proximidades da ponte do Guaíba e seguirá até o Centro de Porto Alegre.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895