Eleições podem definir rumo da área científica, alerta ex-ministro de Dilma

Eleições podem definir rumo da área científica, alerta ex-ministro de Dilma

Clelio Campolina Diniz ministrou, nesta segunda-feira, aula magna na Ufrgs

Henrique Massaro

Ex-ministro Clelio Campolina Diniz durante aula magna na Ufrgs

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As eleições de 2018 podem ser decisivas não só para o rumo do país como um todo, mas especificamente para assuntos que dizem respeito a área científica. É o que acredita o ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina Diniz, que esteve na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em Porto Alegre, onde proferiu a aula magna, atividade que abre o ano acadêmico da instituição.

Ele, que é também ex-reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (Ufmg), vê a imagem do país prejudicada internacionalmente e acredita que a solução passa por investimentos em educação básica. “É base para o desenvolvimento econômico e social, para a qualificação das pessoas não só para o trabalho, mas para a vida. Essa eu acho que é uma deficiência grave do sistema brasileiro”, comentou Campolina.

Para ele, essa é a questão mais urgente a ser resolvida no Brasil e uma condição direta para que se consiga retomar apoios internacionais para a expansão da ciência. Na sua visão, o país ainda detém uma qualidade científica mesmo com perdas e cortes de orçamento que vêm ocorrendo no atual Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

A situação, no entanto, preocupa. Um exemplo recente é a suspensão brasileira do Observatório Europeu do Sul (ESO), considerado um consórcio de astronomia com importância internacional. “Eu acho que o Brasil está vivendo uma crise econômica, politica e institucional e, portanto, isso degrada a imagem do país lá fora. É um paradoxo, porque o país é uma fronteira de expansão econômica e mundial. O capital internacional tem todo o interesse de investir no Brasil, mas estamos vivendo nessa situação”, disse o ex-ministro.

Comentou, ainda, que as agências de avaliação de risco vêm reduzindo as notas no Brasil, o que, por sua vez, agrava a situação. Na visão de Campolina, atualmente o país só se salva parcialmente por ter um superavit na balança comercial e reservas que não o deixam em condições tão complicadas do ponto de vista econômico-internacional. “A minha esperança é que se reestabeleça uma certa ordem politica e institucional com as novas eleições, porque nós estamos em uma situação muito crítica”, afirmou ele, que também vê as universidades como os espaços de livre debate e onde a responsabilidade de se construir alternativas que ajudem a sociedade a superar esse cenário deve ser maior.

Durante a aula magna, essas questões foram abordadas pelo ex-ministro de forma contextualizada histórica e geoliticamente. Ele tratou, por exemplo, das consequências da corrida econômica da Ásia para o mundo de maneira geral e para o Brasil especificamente, além das reações de Estados Unidos e Europa.

Engenheiro mecânico de formação, Clelio Campolina Diniz foi reitor da Ufmg de 2010 a 2014, quando assumiu o MCTI durante o governo de Dilma Rousseff.



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