Em homenagem no RS, Deltan Dallagnol diz ter "esperança zero" em retomar o mandato

Em homenagem no RS, Deltan Dallagnol diz ter "esperança zero" em retomar o mandato

Deputado federal cassado e ex-procurador da Lava Jato recebeu a Comenda Porto do Sol na Câmara de Vereadores de Porto Alegre

Felipe Nabinger

Deltan Dallagnol foi agraciado com comenda por proposição do vereador Ramiro Rosário

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O deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) esteve em Porto Alegre nesta terça-feira. Ex-procurador da Lava Jato, ele falou sobre a possibilidade de ter atendido recursos no Supremo Tribunal Federal. "Tenho esperança zero de retomar o mandato a partir de um julgamento do STF na configuração que nós temos hoje. Ainda mais debaixo de um governo Lula que busca vingança contra todos que trabalharam na Lava Jato", disse após receber a Comenda Porto do Sol, na Câmara dos Vereadores da Capital. 

Questionado sobre as investigações do Ministério Público Federal que recaem sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Deltan evitou opinar sobre a culpabilidade do antigo chefe do Executivo por não conhecer os autos, diferente das investigações das quais participou contra Lula (PT). "Minha visão é que toda pessoa que pratique uma falta deve ser investigada. O que não significa que existem indícios em relação à 'a' ou 'b', fulano ou cicrano. Isso deve ser apurado pela Justiça", disse.

Deltan também criticou a escolha do advogado Cristiano Zanin para ocupar cadeira no STF pelo presidente Lula. "Vejo com o uma quebra do princípio da impessoalidade, vejo o Lula indicando alguém que é seu amigo, por ser seu amigo."

Embora inelegível, o ex-procurador afirmou que terá participação política, no entanto evitou detalhar como isso ocorrerá. Questionado se atuará como uma espécie de cabo eleitoral nas eleições de 2024, Deltan disse que tudo seria revelado "no momento oportuno". 

A Comenda Porto do Sol para Dallagnol foi proposta pelo vereador Ramiro Rosário (PSDB), que apresentou no telão uma recriação do famoso powerpoint de Deltan, colocando o que considera feitos do ex-procurador na imagem.


Vereador Ramiro Rosário recriou powerpoint em homenagem a Deltan Dallagnol (Felipe Nabinger / Especial / CP)
 

A homenagem foi prestigiada pelo deputado estadual Felipe Camozzato (Novo), pelo presidente da Câmara, Hamilton Sossmeier (PTB), pelo vice-prefeito de Porto Alegre, Ricardo Gomes (PL), e pelos vereadores Tiago Albrecht (Novo), Mari Pimentel (Novo), Comandante Nádia (PP) e Alexandre Bobadra (PL).

Bobadra, aliás, teve o seu mandato cassado no pleno do Tribunal Regional Eleitoral do RS em sessão que ocorria simultaneamente, deixando o local sem comentar a situação com a imprensa. 

Processo de cassação de Dallagnol

O ex-procurador da operação Lava Jato foi cassado por unanimidade pelo TSE, no dia 16 de maio. Segundo a Corte, ele antecipou a saída do Ministério Público Federal (MPF) para evitar eventuais procedimentos administrativos disciplinares e contornar, assim, a lei da ficha limpa. O Tribunal definiu, por 7 votos a 0, pela cassação de seu mandato. Desde então, Dallagnol aguardava o rito tramitar na Câmara dos Deputados.

A decisão do TSE se deu a partir da análise de ações enviadas pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN) e pela federação Brasil da Esperança (PCdoB, PT e PV), ambos do Paraná, contra decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) que havia deferido o registro de candidatura do político. Os recorrentes contestaram que Dallagnol estaria inelegível, pois requereu exoneração do cargo de procurador da República enquanto estavam pendentes as análises de reclamações disciplinares, sindicâncias e pedidos de providências e Processo Administrativo Disciplinar (PAD). 

No dia 06 de junho, a Casa confirmou a cassação de Dallagnol. “Deixo hoje o Congresso e a Câmara, mas eu deixo com a paz de quem honrou seus eleitores”, disse, no seu último dia como deputado.


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