Empreiteiros da OAS ficam em silêncio na CPI da Petrobras

Empreiteiros da OAS ficam em silêncio na CPI da Petrobras

Próxima semana encerrará período de oitivas de executivos que cumprem prisão domiciliar

AE

Empreiteiros seriam ouvidos na condição de investigados, mas foram dispensados

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Os executivos José Ricardo Nogueira Breghirolli, ex-superintendente administrativo da Construtora OAS, e Mateus Coutinho de Sá Oliveira, ex-diretor Financeiro da Construtora OAS, usaram o direito constitucional de ficar em silêncio e voltaram a frustrar as expectativas dos deputados da CPI da Petrobras nesta quinta-feira. Os empreiteiros, que seriam ouvidos na condição de investigados, foram dispensados em seguida.

Dos empreiteiros e empresários convocados esta semana, só o ex-vice-presidente da Camargo Corrêa Eduardo Hermelino Leite decidiu falar aos deputados. Na mesma sessão de terça-feira, o ex-presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa João Ricardo Auler e o ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, ficaram em silêncio.

A expectativa da comissão era de que, fora do cárcere e cumprindo prisão domiciliar, os executivos prestariam esclarecimentos à CPI. "Foi uma semana muito improdutiva", lamentou o deputado Delegado Waldir Soares de Oliveira (PSDB-GO). A próxima semana encerrará o período de oitivas de empreiteiros que cumprem prisão domiciliar.

Os depoentes da semana demonstraram nenhum interesse em colaborar com a CPI. "Conforme orientação de meu advogado, vou ficar em silêncio", disse nesta manhã Coutinho, repetindo a frase mais pronunciada pelos depoentes nos últimos dias. O ex-diretor da OAS só reiterou as informações incluídas no documento enviado ao juiz Sérgio Moro. "Sou contra essa dispensa. Sou a favor de adotarmos uma postura única", protestou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

O entendimento da cúpula da CPI é que investigados podem ser automaticamente dispensados de permanecer na sessão se decidirem ficar calados. Ontem foi dado tratamento diferenciado à família Schahin porque os empresários recorreram a um habeas corpus preventivo no Supremo Tribunal Federal para não serem obrigados a falar na comissão. Irritados, os parlamentares não dispensaram Carlos Eduardo Schahin, Salin Toufic Schahin, Rubens Toufic Schahin, Pedro Henrique Schahin e Milton Toufic Schahin e fizeram os depoentes passarem a tarde ouvindo perguntas e discursos.

Breghirolli, que teve vários encontros com o doleiro Alberto Youssef, já havia ficado em silêncio em seu depoimento à Justiça Federal. Na ocasião, o executivo entregou uma petição onde afirmava que não saberia dizer se houve pagamento de propina nos contratos da Refinaria de Abreu e Lima (Rnest) e na Refinaria do Paraná (Repar). "Não sei dizer se houve propina nos contratos da Rnest (Abreu e Lima), Repar (Paraná) ou qualquer outra obra da empresa, até porque não era minha função fazer qualquer tipo de ajuste, promessa ou pagamento de valores para este fim", afirmou.

Já Coutinho é acusado de promover pagamentos de propina pela empreiteira OAS no esquema de corrupção na Petrobras. À Justiça Federal, o executivo da OAS apresentou um termo por escrito onde se colocava como um 'mero funcionário' e negou ser responsável pela liberação de pagamentos da construtora. Além de atuar na área da Diretoria de Abastecimento, do ex-diretor Paulo Roberto Costa, Coutinho é apontado como encarregado de liberar dinheiro para o ex-deputado federal Luiz Argôlo, que na época era do PP da Bahia.

Estava previsto para esta quinta-feira o depoimento de Erton Medeiros, da Galvão Engenharia. Ontem, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou um pedido da defesa do executivo para manter-se calado durante depoimento na CPI. Antes da decisão do ministro, o presidente da Comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), já havia aceitado a sugestão de adiar a oitiva de Erton e priorizar a convocação de Dario de Queiroz Galvão.

Sem ouvir nenhum dos convocados de hoje, os membros da CPI decidiram fazer nesta manhã uma reunião fechada para discutir o procedimento para votação de novos requerimentos e o contrato com a consultoria Kroll.

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