Escolha de Schirmer surpreende aliados e integrantes do governo

Internamente no Executivo, já corria a informação de que a sucessão na Secretaria de Segurança teria de se dar com solução caseira, devido à falta de alternativas satisfatórias para a pasta, mas a confirmação do prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, no comando da pasta acabou surpreendendo inclusive aliados e integrantes do próprio governo. A escolha polêmica foi pessoal do governador José Ivo Sartori. Os dois são amigos de longa data.

Apesar de ser um político experiente, que já passou por diversos cargos no Legislativo e no Executivo, Schirmer não tem conhecimento técnico na área da segurança e assume o cargo em meio à maior crise instaurada no Rio Grande do Sul, com índices crescentes de criminalidade, limitação de recursos e sob forte pressão da população que exige reação imediata do Executivo.

Não bastasse este cenário, Schirmer tem sua trajetória marcada pelo fato de ser o prefeito de Santa Maria quando ocorreu e tragédia da boate Kiss, que vitimou 242 pessoas. Ele não foi responsabilizado criminalmente, mas é cobrado pela falha fiscalização que permitiu o funcionamento do local. Ironicamente, agora, como secretario, estará no comando também do Corpo de Bombeiros.

A confirmação de Schirmer, que gerou uma enxurrada de críticas nas redes sociais — deixando o novo secretário e a boate Kiss entre os temas mais comentados ontem — ocorre dias após a aprovação pelo plenário da Assembleia de projeto do governo de alterações na chamada Lei Kiss, que entrou em vigência em 2013, ano da tragédia, endurecendo as regras do Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndios. Integrantes do governo, em conversas reservadas, admitem a surpresa com a decisão de Sartori, mas ponderam que a experiência e o perfil político de Schirmer podem fazer diferença na condução da área que se tornou o calcanhar de aquiles da administração. O tempo dirá.

Integrantes do governo foram sondados

Em reunião do núcleo do governo na segunda-feira, alguns integrantes do grupo foram sondados sobre eventual escolha de Schirmer para o cargo. Nas respostas, apesar de menções à experiência de Schirmer, o destaque era o desgaste gerado pela tragédia da Kiss. Mesmo com a realização da sondagem, a avaliação era a de que Sartori não levaria a ideia adiante. Em tempo: Em seu primeiro discurso após a confirmação como secretário, apesar de ter relativizado os números da criminalidade do Estado com índices nacionais, Schirmer assumiu a gravidade de crise, afirmando que há uma “guerra”, e pediu voto de confiança.