Governo alerta para risco de bandeira vermelha em regiões

Governo alerta para risco de bandeira vermelha em regiões

Eduardo Leite afirmou que observa o número de internações em Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Região Metropolitana e Porto Alegre

Gabriel Guedes

Governador concedeu entrevista ao Balanço Geral, da Rede Record

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Apesar do bom desempenho do Rio Grande do Sul no combate à Covid-19 no Brasil, o governador Eduardo Leite considerou que a batalha contra a doença ainda não foi vencida e insistiu para que a população tenha cautela redobrada. Em entrevista ao jornalista Samuel Vettori, que comanda o Balanço Geral RS da Record TV RS, no começo da tarde desta terça-feira, o governador mostrou temor com a possibilidade do estado ter que adotar medidas mais duras para novamente desacelerar a disseminação do vírus. O governador afirmou ainda que há três regiões que passaram a preocupar mais, inclusive com a chance de ingressar na bandeira vermelha, que é de risco alto.

“A gente montou um modelo de distanciamento controlado e monitoramos 11 indicadores. E nos últimos dias a gente está observando com muita atenção casos de internações em Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Região Metropolitana e Porto Alegre, principalmente, que tem visto aumentar isso nos últimos dias. E se for necessário novas restrições, elas serão feitas para proteger a população”, garantiu. Leite ainda avaliou a situação da agricultura e do abastecimento de água nas cidades, bastante prejudicadas pelo longo período de estiagem que prevalecia há algumas semanas.

O governador frisou que gostaria que a população entendesse que nada está como antes. “Nós não voltamos ao normal. Vivemos tempo de exceção. Mantenham o cuidado e saiam só para o necessário. Nós não queremos restringir mais para não prejudicar também a economia”, afirmou.

Leite ainda reconheceu que o RS está melhor que a maioria dos outros estados do país e comparou a situação a uma partida de futebol. “Não é jogo ganho. Estamos no meio do jogo e precisamos seguir contando com a colaboração da população. Por isso eu insisto: distanciamento, higienização, etiqueta respiratória, usar máscara. Enfim, é importante para se evitar perder o controle. Se perde o controle, afeta a economia, afeta o emprego, tudo o que a gente não quer”, alertou.

O governador aproveitou o bate-papo com Vettori para explicar e dar detalhes de como funciona o distanciamento controlado, que foi a medida encontrada pelos gaúchos para enfrentar o novo coronavírus. “Nós temos um grupo de cientistas e especialistas, que estão acompanhando estes dados e informações, que se reúnem toda semana, inclusive para avaliar os critérios dentro deste modelo, e assim, tomar a decisão em relação a nova classificação no próximo sábado. Então estes indicadores são monitorados e se houver necessidade, o próprio modelo se encarrega de estabelecer a migração de uma bandeira laranja para uma vermelha, que é mais restritiva”, explicou Leite.

Falta de chuva

Na reta final da entrevista, que durou 10 minutos, o governador abordou a questão da estiagem e relatou como o governo gaúcho tem enfrentado também este problema. De acordo com Leite, houve uma perda de 45% da safra de soja e quebra substancial na safra do milho.

“Por isso mesmo nós estamos encaminhando algumas decisões importantes para dar apoio aos nosso produtores rurais. Tivemos apoio do Ministério da Agricultura na renegociação de dívidas, o que é importante para que eles possam continuar investindo no campo. Estamos também estudando novas ações do governo do estado aos produtores”, adiantou. O governador ainda salientou que muitas cidades enfrentaram dificuldades no abastecimento de água nos últimos meses e pediu para que a população siga fazendo uso racional da água, mesmo com o retorno da chuva. “Para não faltar água para ninguém”, afirmou.

Folha de maio deve começar a ser paga nesta semana

O pagamento do funcionalismo também não ficou de fora da pauta do Balanço Geral RS. Vettori perguntou ao governador sobre a situação do caixa do estado. “O governo do Estado teve uma perda de R$ 1,2 bilhão e hoje (terça-feira) está entrando a primeira parcela de auxílio do governo federal. Está entrando 500 milhões de reais e vamos terminar de pagar a folha de Abril”, informou.

A expectativa de Leite é que a folha de pagamento do mês de maio inicie até o final desta semana, com o pagamento das primeiras faixas salariais para o funcionalismo. Segundo o governador, a ajuda da União é necessária, pois o governo federal tem formas de obter financiamento de recursos que os estados não têm, como emissão de títulos.

O governador também destacou o papel da imprensa em um momento tão crítico quanto o atual e agradeceu o espaço cedido para detalhar as ações do governo estadual. “A gente conta sempre com a imprensa para levar esta informação. E o Grupo Record tem sempre sido muito comprometido com a verdade, transparência e em levar informação qualificada à população”, concluiu Leite, que foi recepcionado pelo presidente do Grupo Record RS, Carlos Alves, e o diretor comercial da TV Record RS, Carlos Alberto Toillier.

Relação com governo federal não atrapalha ações no RS

Após conceder uma entrevista ao Samuel Vettori, o governador também gravou uma entrevista adicional para a Record TV, onde respondeu a perguntas sobre a relação com o governo do presidente Jair Bolsonaro e sobre o retorno do Campeonato Gaúcho de futebol.

Eduardo Leite afirmou que não tem enfrentado grandes problemas com o governo federal, mas reconhece que poderia ser melhor o diálogo. “Eu entendo que ela poderia ser de melhor cooperação. Mas ela não é de conflito do ponto de vista técnico, com o Ministério da Saúde. Temos tido leitos habilitados, repasses de recursos e estamos esperando a confirmação de que serão repassados respiradores para o estado do Rio Grande do Sul. No entanto, as trocas de equipes, especialmente a posição que o presidente adota, do confronto, acaba gerando conflitos e tensionamentos que acabam atrapalhando”, resumiu.


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