Governo do RS atualiza projeções sobre avanço do coronavírus

Governo do RS atualiza projeções sobre avanço do coronavírus

Cenário atual aponta que Estado segue linha de cenário agressivo da doença

Flavia Bemfica

De acordo com a secretária estadual do Planejamento, Leany Lemos, a tendência é de que os números continuem a subir ao longo da próxima semana

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Neste momento, o avanço do número de casos de coronavírus no Rio Grande do Sul se dá dentro do cenário classificado como agressivo, aquele observado em países como França, Alemanha e, até dois dias atrás, Espanha (que agora se descolou da linha agressiva, em direção a extrema, que caracteriza a Itália). Entre os dias 20 e 23 de março, o RS foi, entre os estados brasileiros, o que apresentou a quarta maior taxa de crescimento médio diário (de 27,6%), atrás, pela ordem, de Santa Catarina, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Na fotografia atual dos números, são grandes as chances de o Estado, nos próximos dois dias, seguir uma evolução entre os cenários moderado (como Japão e Singapura) e agressivo, mas mais próxima do agressivo. A projeção deste último cenário no RS significa a contabilização de um número de casos próximo a 400 até a sexta-feira, 27. E de entre 3.000 e 3.500 casos contabilizados até o dia 3 de abril.

Na área de planejamento do governo existe a expectativa de que os números fiquem abaixo de 400 e de 3.000 nos dias 27 de março e 3 de abril, respectivamente, mas, de público, a orientação é evitar projeções mais otimistas, por enquanto. Também há expectativa sobre como vai evoluir a linha da Capital e da região Metropolitana.

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De acordo com a secretária estadual do Planejamento, Leany Lemos, que coordena o comitê de Análise de Dados (um dos quatro formados dentro do governo gaúcho para tratar da pandemia), em função da série de medidas de restrição ao convívio social adotadas, a tendência é de que os números continuem a subir ao longo da próxima semana mas, depois, possa ocorrer uma estabilização da linha. Ela cita o exemplo do Distrito Federal para explicar a importância das medidas restritivas.

O DF ainda tem a maior proporção de número de infectados a cada 100 mil habitantes (e há uma dúvida sobre o quanto o atendimento de pacientes do estado de Goiás impacta esta proporção) mas, em função do salto inicial, foi um dos primeiros a adotar medidas de diminuição do convívio social, como o fechamento de escolas. E sua velocidade de transmissão entre 20 e 23 de março foi inferior a do RS e a outros grandes estados, como SP e RJ. Ficou em 16,5%.

“Primeiro, é importante que se fale que fazemos exercícios a partir dos dados. Dito isto, o que observamos, por enquanto, na comparação com outros países, é que o Brasil está muito próximo da França, e em uma trajetória bem acentuada. Os Estados Unidos, por sua vez, apresentam uma curva tremenda, porque ela sai do caso 50 e rapidamente está chegando no patamar daquela da Itália”, afirma Leany.

Ela admite que o RS, que se assemelha a trajetória do Brasil, chegou muito rápido no caso 50, mas assinala que os resultados das medidas de contenção ainda não apareceram. “Outros países que acompanhamos demoraram 20, 25 dias para chegar ao 50º caso. Aqui no RS foram 10 dias. Mas fizemos estratégias de isolamento antes do caso 50, tomamos medidas mais duras. E isto tem um intervalo. Então, estamos no momento de aguardar e observar se as medidas já em curso reduzem a velocidade de transmissão. A certeza é que, se não houvesse o isolamento, teríamos muito mais casos.”


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