Governo recorre ao Supremo para extinguir fundações

Governo recorre ao Supremo para extinguir fundações

Medidas foram aprovadas pelo plenário da Assembleia em 2016, mas ainda não estão efetivadas em função de decisões judiciais

Taline Oppitz

Argumento do governo é o de que as negociações coletivas estão sendo rigorosamente cumpridas

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O governo José Ivo Sartori está determinado a levar adiante seus planos, mesmo que os movimentos representem tensionamento ainda maior com categorias do funcionalismo. Uma das ações que promete ampliar a polêmica foi realizada quinta-feira, quando a Procuradoria-Geral do Estado ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando medida cautelar para viabilizar a imediata extinção de seis fundações: Zoobotânica, de Ciência e Tecnologia, de Economia e Estatística, TVE, de Planejamento Metropolitano e Regional e de Desenvolvimento de Recursos Humanos, além da Superintendência de Portos e Hidrovias e da Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas.

As extinções foram aprovadas pelo plenário da Assembleia em dezembro de 2016, mas ainda não estão efetivadas em função de decisões judiciais que impedem o governo de colocar a inicitiva em prática sem que antes sejam estabelecidas negociações coletivas com os servidores na Justiça do Trabalho. Na ação, que caiu para a relatoria do ministro Gilmar Mendes, a PGE sustenta que a exigência não tem previsão legal e está impedindo o cumprimento da legislação que avalizou as extinções.

O argumento do governo é o de que as negociações coletivas estão sendo rigorosamente cumpridas, com a realização de audiências desde abril, mas que após nove meses sindicatos seguem apresentando resistências em acordo referente as rescisões. Segundo a PGE as decisões judiciais paralisam a administração pública e desrespeitam a autonomia do Executivo e do Legislativo, que aprovou as extinções.

“O Poder Executivo está colocando em prática o projeto de governo para o qual foi democraticamente eleito, com a chancela do Poder Legislativo, a fim de remodelar e reorganizar o próprio Estado. Não cabe ao Poder Judiciário intervir na conduta legítima daqueles Poderes, atentando contra o próprio Estado Democrático de Direito”, diz trecho da ação.

Na ação, PGR solicita liminar

Na ação junto ao Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria-Geral do Estado solicitou ainda a concessão de liminar viabilizando a extinção imediata das fundações “em razão do panorama de dificuldades financeiras suportadas pelo Rio Grande do Sul” e também devido à “ausência de obrigação de realização de negociação coletiva prévia à despedida de empregados públicos decorrente de extinção de entidade pública autorizada por lei”.

Pretto: culpa é da “falta de diálogo”

O presidente da Assembleia, deputado Edegar Pretto, do PT, eximiu a Casa de responsabilidade pela crise financeira do Estado. O petista assegurou que o Parlamento está fazendo sua parte, e que é a “falta de diálogo do governador José Ivo Sartori com a própria base” que vem retardando ações pretendidas pelo Executivo.

Segundo Pretto, aliados vêm divergindo sobre diversos temas, o que reflete em sucessivas retiradas de quórum que impedem a aprovação de projetos e de PECs. “Fico até incomodado quando dizem que a Assembleia não está fazendo a sua parte. Mas qual é essa parte? Se o governo não convence a sua base para lhe dar quórum, não é a Assembleia, é a falta de diálogo e de convencimento. O governo precisa fazer sua parte, convencer sua base e a maioria se pretende caminhar nessa direção”, disse, em entrevista ao programa Conexão Guaíba.

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