A forma como se desenhou a eleição ao Senado no próximo ano, quando duas vagas estarão em jogo no RS, acabou por fazer com que partidos grandes, e tradicionais do Estado, até agora não tenham apresentado postulantes para as duas cadeiras. É o caso, por exemplo, do PP e do MDB.
“A eleição ao Senado vai ser mais disputada e mais intensa do que aquela para governador. A princípio, não temos nomes. Mas temos excelentes quadros e estamos no aguardo da conjuntura que se apresentará”, admite o presidente do PP gaúcho, o deputado federal Covatti Filho.
Para a majoritária, ao invés do Senado, a sigla foca no Executivo. Mesmo que isto signifique perder a vaga que hoje detém, ocupada pelo senador Luis Carlos Heinze. O deputado é o pré-candidato do PP ao governo gaúcho, mas o partido também mantém em aberto negociações com o MDB e o PL, com possibilidade de indicar o vice na chapa: está dividido entre a deputada estadual Silvana Covatti, mãe do dirigente, e o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo.
No MDB a situação é parecida. A sigla tenta fortalecer o nome do vice-governador Gabriel Souza para o governo e espera que o governador Eduardo Leite (PSD) deixe o cargo para disputar o Senado. Mas não trabalha com um nome próprio para a outra vaga. “O cenário ao Senado está em aberto. Vai ficar para negociação. Por enquanto, temos o nome do governador. O MDB defende que ele concorra ao Senado. Dentro do nosso grupo, ninguém mais se apresentou e ninguém comentou”, resume o presidente do MDB gaúcho, o deputado estadual Vilmar Zanchin.
São três os principais fatores que afastam siglas, mesmo as mais competitivas, da tentativa ao Senado no RS, apesar de haver duas vagas a serem preenchidas. O primeiro é o peso das articulações nacionais nas quais tanto o entorno do presidente Lula (PT) quanto o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) definiram a corrida como prioridade para 2026, e se mobilizaram antecipadamente para lançar nomes com alta densidade eleitoral.
O segundo é a possibilidade de Leite, também visto com grande chance de conquistar uma das cadeiras, decidir de fato entrar na corrida. O terceiro são as estimativas de diferentes partidos de que a eleição no Estado será polarizada, de que já há nomes estabelecidos à esquerda e à direita, minguando as possibilidades de novos postulantes nestes campos, e de que, ao centro, é Leite quem hoje está posicionado.
“Nossa avaliação é a de que não vai ter lugar para centro nesta eleição, seja no geral, seja no Senado em particular. O governador, no meu entendimento, por mais que agora apareça bem para o Senado, vai ter dificuldade com esse discurso de não ser esquerda nem direita. E não sei se arrisca perder uma eleição. Da nossa parte, está decidido que vamos trabalhar para eleger dois senadores de direita”, projeta o presidente estadual do PL, o deputado federal Giovani Cherini.
PT está muito próximo de oficializar Paulo Paim mais uma vez
Enquanto MDB e PP não se mobilizam pelo Senado e o governador Eduardo Leite mantém sua decisão em suspenso, no PT gaúcho a situação sobre o nome para a Câmara Alta está praticamente definida. A não ser que aconteça uma grande reviravolta, as negociações se encaminharam para que o senador Paulo Paim dispute o quarto mandato consecutivo e o deputado federal Paulo Pimenta, que também pleiteava a indicação, concorra à reeleição.
Mesmo sem um anúncio formal (o partido só baterá oficialmente o martelo sobre os nomes da majoritária no dia 29 de novembro), o pronunciamento de Pimenta no encontro da sigla em Porto Alegre no último domingo (26) adiantou as definições.
“Para que não paire nenhuma dúvida. Não contem comigo para qualquer tipo de disputa dentro do PT para indicação de cargo para qualquer função na chapa majoritária. Só coloquei meu nome à disposição do partido para ser candidato a senador porque o PT não pode deixar de ter um espaço no Senado, e a partir do momento que o companheiro Paulo Paim comunicou ao partido que não seria candidato. Eu disse isso para o Paim esta semana. Se o companheiro Paim decidir que será candidato, serei o primeiro a estar na campanha dele”, discursou o deputado.
Pimenta assinalou ainda que apoia o presidente da Conab, Edegar Pretto, para o Piratini. Poucos dias antes do encontro, Paim já havia obtido também o aval da direção nacional do PT para concorrer. A outra vaga da Câmara Alta os petistas reservam para a ex-deputada Manuela D’Ávila, dentro de uma coalizão. Até o final do ano ela deve ingressar no PSol. Mesmo ainda sem partido, a ex-deputada, até pouco tempo reticente, agora está em campanha aberta para o Senado, e tem deixado seus planos claros tanto via redes sociais, como em roteiros políticos dentro e fora do Estado.
À direita, o PL anunciou para a disputa uma aliança com o Novo, e também lançou antecipadamente dois pré-candidatos ao Senado: os deputados federais Marcel van Hattem (Novo) e Ubiratan Sanderson (PL). O partido tem outro federal, Luciano Zucco, como pré-candidato ao governo. E tenta atrair o PP e o Republicanos para a coalizão. Na última semana, contudo, os resultados de uma sondagem encomendada pelo PP voltaram a agitar os bastidores deste campo político, reavivando as especulações de que Zucco poderia migrar para a corrida ao Senado caso o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), se tornasse uma opção do MDB para o governo. O presidente do PL, Giovani Cherini, assegura que o assunto está encerrado e que Zucco concorre ao Piratini.
“Antes do Zucco decidir, tivemos muitas conversas com o Melo. Tínhamos esta ideia, de ele (Melo) concorrer ao governo. Mas ele sempre respondeu que renunciar à prefeitura, em Porto Alegre, tinha um histórico muito ruim e que ele não renunciaria. O Zucco é o nosso candidato a governador”, afirma. O dirigente emenda que o hoje deputado federal pontua bem em todas as sondagens para o Piratini e que a pré-candidatura do vice-governador Gabriel Souza ao governo tem “muita dificuldade de decolar” justamente porque PL e MDB disputam as mesmas opções de aliança.