Hidroxicloroquina: entenda a razão do atrito entre Teich x Bolsonaro

Hidroxicloroquina: entenda a razão do atrito entre Teich x Bolsonaro

Ministro afirmava que faltavam dados científicos sobre a eficácia do medicamento defendido pelo presidente

R7

Hidroxicloroquina é defendida por Bolsonaro para tratamento da Covid-19

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A saída do ministro da Saúde, Nelson Teich, menos de um mês após assumir o cargo, tem como principal razão a discordância do profissional de saúde com o presidente da República, Jair Bolsonaro, em relação ao medicamento hidroxicloroquina. 

Na live de quinta-feira à noite, Bolsonaro afirmou que conversou com Teich para ele rever o protocolo de uso do medicamento, determinado pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta apenas para pacientes em estado grave.

Teich, todas as vezes que falou sobre o assunto, reforçou que faltavam dados científicos que comprovassem a eficácia do medicamento. Ele chegou a dizer, inclusive, que só se basearia na ciência para defender qualquer tratamento.

Estudos recentes mostraram resultados insatisfatórios da hidroxicloroquina no combate à covid-19 e reforçaram a dificulade do ministro em aceitar o remédio. 

Na semana passada, ele até ensaiou um recuo ao dizer que o Ministério da Saúde queria mudar o direcionamento do tratamento, ao pensar não só nos doentes em estado grave, internados, mas também nos que acabavam de contrair o vírus Sars-Cov2. Ainda assim não citou a hidroxicloroquina.

Segundo o presidente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) indica o uso do remédio para doentes recém-infectados. "Então, falei com o Teich para ele mudar isso, e ele deve anunciar isso amanhã (hoje, sexta-feira (15))", comentou o presidente um dia antes do pedido de demissão do ministro.

Bolsonaro chegou a dizer que caso sua mãe, de 93 anos, pegasse a Covid-19, daria a ela imediatamente a cloroquina. No início desta sexta, o presidente voltou a falar do protocolo da hidroxicloroquina na porta do Palácio da Alvorada. Ele disse a apoiadores que em algumas horas Teich anunciaria a mudança que estimularia o uso do medicamento. O remédio foi defendido pela primeira vez em março pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. 


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