Irã não permite que ganhadora do Prêmio Nobel da Paz seja transferida para hospital, diz família

Irã não permite que ganhadora do Prêmio Nobel da Paz seja transferida para hospital, diz família

A ativista, de 51 anos, detida em Teerã, recebeu o prêmio em outubro "por sua luta contra a opressão das mulheres no Irã"

AFP

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As autoridades penitenciárias do Irã impediram a transferência da ganhadora do Prêmio Nobel da Paz 2023, Narges Mohammadi, ao hospital para receber atendimento médico urgente, denunciou sua família. Mohammadi está detida por ter se recusado a usar o hijab, o véu islâmico obrigatório.

A ativista, de 51 anos, atualmente detida na prisão de Evin, em Teerã, recebeu o prêmio em outubro "por sua luta contra a opressão das mulheres no Irã".

Este prêmio foi concedido a ela, depois de uma onda de protestos sacudir o Irã após a morte, sob custódia, em setembro de 2022, de Mahsa Amini, uma curda de 22 anos, detida por desrespeitar, supostamente, o estrito código de vestimenta da República Islâmica.

Mohammadi anunciou posteriormente que não usaria sob nenhuma circunstância o hijab, véu obrigatório para as mulheres em espaços públicos desde a Revolução Islâmica de 1979.

As autoridades penitenciárias responderam, negando-se a transferir Mohammadi, que tem problemas cardíacos e pulmonares, para um hospital fora da prisão, informou sua família em um comunicado, alertando que sua saúde e vida correm risco.

"Durante dois dias e duas noites, um grupo de mulheres em Evin protestou no pátio da prisão para mandar Narges Mohammadi ao hospital do coração", escreveram em sua conta oficial no Instagram na quarta-feira.

"O diretor da prisão anunciou que, segundo ordens de autoridades superiores, era proibido levá-la ao hospital sem o véu, e sua transferência foi cancelada", acrescentou a família.

Na segunda-feira, uma equipe médica examinou Mohammadi e a submeteu a um ecocardiograma depois que "a prisão se negou, inclusive, a transferir Narges para a enfermaria" sem o véu, informou o comunicado.

Um exame de imagem mostrou duas veias com grandes obstruções e pressão pulmonar elevada, razão pela qual ela precisa urgentemente de uma angiografia coronariana e um escâner pulmonar.

"Está disposta a arriscar sua vida por não usar o 'hijab forçado', incluso para se tratar", disse a família.

Em mensagem de agradecimento ao prêmio, lido por sua filha e difundido na página web oficial do Nobel na terça, Mohammadi descreve o hijab obrigatório como "a principal fonte de dominação e repressão na sociedade, com o fim de manter e perpetuar um governo religioso autoritário".


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