Janot recebe apoio de 81,2% dos procuradores para eleição interna do MPF

Janot recebe apoio de 81,2% dos procuradores para eleição interna do MPF

Procurador-geral obteve expressiva maioria, com 799 votos dentre 983 possíveis

AE

Procurador-geral obteve expressiva maioria, com 799 votos

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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi o candidato mais votado na eleição interna do Ministério Público, liderando a lista tríplice que será encaminhada para a presidente Dilma Rousseff ainda esta semana. Janot obteve expressiva maioria, com 799 votos. Isso significa que do total de 983 procuradores que foram às urnas, o procurador-geral recebeu respaldo de 81,2% dos votantes. Com o resultado, o atual chefe do Ministério Público deverá ser reconduzido ao cargo pela presidente da República, Dilma Rousseff.

O amplo respaldo da categoria é comemorado por aliados de Janot, que veem na diferença de votos um demonstrativo de força do procurador-geral, que tem enfrentado críticas e resistência por parte de parlamentares investigados na Operação Lava Jato. Para permanecer no cargo, Janot precisa ser indicado por Dilma e, posteriormente, ser sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado e aprovado em votação secreta no plenário da Casa que tem 13 senadores investigados.

A reportagem apurou que Dilma manterá a tradição criada pelo PT de indicar o primeiro nome da lista apresentada pelo Ministério Público. O governo avalia, porém, que é melhor esperar o procurador-geral da República oferecer denúncias contra políticos investigados na Operação Lava Jato ao Supremo Tribunal Federal. A expectativa é de que a denúncia seja encaminhada à Corte nos próximos dias.

Depois da indicação do Palácio do Planalto, para permanecer no cargo, o procurador precisará ainda passar por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e por uma votação secreta no Plenário da Casa. A condução das investigações de políticos supostamente envolvidos na Operação Lava Jato é vista como um fato que dificultará a aprovação de Janot no Senado, onde 13 parlamentares são alvo das investigações.

No diagnóstico do Palácio do Planalto, o clima político vai esquentar nos próximos dias porque Janot deve pedir a punição do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado pelo lobista Júlio Camargo, um dos delatores da Lava Jato, de cobrar propina de US$ 5 milhões. Cunha tem negado as acusações e dirigido fortes críticas ao procurador-geral, a quem acusa de promover "perseguição".

Além disso, é provável que Janot também aponte senadores na lista de denunciados ao Supremo. Entre os que têm a investigação mais avançada está o ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL). Diante dessa expectativa, o governo teme que, se o nome de Janot for submetido agora ao crivo do Senado, seja rejeitado pelo plenário. Contudo, o governo acredita que o que poderia contar a favor do procurador-geral é o fato de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deve ficar da fora das denúncias.

O plano de Dilma é ainda de encaminhar a indicação do procurador-geral depois das manifestações de rua contra o governo, marcadas para 16 de agosto. O que poderá gerar mais clima de animosidade contra o Planalto. De qualquer forma, se o Senado vetar a recondução de Janot, Dilma deve partir para um Plano B, e indicar um nome fora da lista tríplice. Até agora, porém, ela não se debruçou sobre essa alternativa.

Em segundo lugar na votação ficou o subprocurador Mario Bonsaglia, com 462 votos, considerado o candidato mais aliado a Janot; em terceiro aparece a subprocuradora Raquel Dodge (402 votos), vista internamente como candidata de oposição moderada. Já Carlos Frederico, que foi o principal crítico da atual gestão, ficou em quarto lugar, e portanto, fora da lista tríplice, com 217 votos.

Minutos depois da divulgação do resultado, Janot encaminhou uma mensagem no sistema interno aos procuradores. Ele agradeceu aos 799 votos "com emoção, alegria e humildade" e disse que a confiança da categoria serve de "estímulo, motivação e fortalecimento", escreveu. Ele disse ainda que o resultado mostra que "os caminhos focados na responsabilidade, em muito trabalho e no continuado diálogo, com seriedade e transparência, são frutíferos". As próximas etapas, segundo Janot, são aguardadas com entusiasmo. "Paciência e confiança", escreveu aos colegas.

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