Juiz Marcelo Bretas libera esposa de Sergio Cabral para prisão domiciliar
Adriana Ancelmo foi condenada a 18 anos por lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa
publicidade
Adriana foi presa em novembro de 2016, pouco depois de seu marido, o ex-governador Sergio Cabral (MDB), por sua vez, já condenado a 100 anos de prisão, por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e evasão de divisas. A ele é atribuído um grande esquema de corrupção que vigorou durante seus dois mandatos no Estado (2007-2014), com movimentação de mais de R$ 1 bilhão, juntamente com cobrança de propina e superfaturamentos em áreas de transporte, obras e saúde, entre outras.
As investigações são desdobramentos da Lava Jato no Rio. Adriana passou à prisão domiciliar, no Leblon, zona Sul da capital, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) acolheu pedido que alegava que ela tem dois filhos menores, que já estavam sem o pai em casa.
Regalias
Investigações do Ministério Público do Estado revelaram que a mulher do ex-governador teve diversas regalias enquanto esteve presa no Complexo Penitenciário de Gericinó, entre os meses de dezembro de 2016 e março de 2017. Dentre os privilégios, estão o recebimento de ceias de Natal e de Ano Novo.
O MP divulgou que após a chegada de Adriana, a rotina da unidade foi alterada. As regras de disciplina teriam sido adaptadas para a ex-primeira-dama, que não era obrigada a levantar da cama durante inspeções de rotina, por exemplo, e nem chamada de "presa" pelos funcionários, como as demais detentas.
Colaboração
Advogada, casada com Cabral desde 2002, Adriana é acusada de colaborar diretamente com o esquema que teria sido encabeçado pelo marido. Seu escritório de advocacia teria contratos suspeitos com empresas beneficiadas por Cabral. Ela nega qualquer participação em ilícitos.
As investigações mostraram que a ex-primeira-dama possuía joias que somavam mais de R$ 6 milhões. Na sentença de Bretas proferida em setembro, ele diz que Adriana era, ao lado de Cabral, "mentora de esquemas ilícitos", "beneficiada com as muitas práticas criminosas".
O juiz ainda reiterou que "Ao lado de seu marido, ora apenado, usufruiu como poucas pessoas no mundo os prazeres e excentricidades que o dinheiro pode proporcionar, quase sempre a partir dos recebimentos que recebeu por contratos fraudulentos celebrados por seu escritório de advocacia, com o fim de propiciar que a organização criminosa que integrava promovesse a lavagem de capitais que, em sua origem, eram fruto de negócios espúrios."