Kátia Abreu pede para bancos "não pesarem a mão na exigência de garantias"

Kátia Abreu pede para bancos "não pesarem a mão na exigência de garantias"

Ministra da Agricultura disse que Brasil precisa do agronegócio para voltar a crescer

AE

Ministra da Agricultura disse que neste momento o Brasil precisa do agronegócio para voltar a crescer

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A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, fez um apelo às instituições financeiras, durante discurso na cerimônia de abertura da 38ª Expointer, solicitando mais agilidade na liberação de crédito para o setor de máquinas e implementos. "Nós queremos fazer um pedido ao Banco do Brasil, à Caixa Econômica Federal e aos bancos privados. O governo fez o mais difícil em ano de crise, que foi aumentar (os recursos) em 20% o Plano Safra. Nós pedimos aos bancos que compreendam o momento de crise, mas não pesem nas exigências e garantias. O mais difícil foi arrumar os recursos com juros compatíveis com a inflação", afirmou para uma plateia formada basicamente por produtores rurais, lideranças do setor e autoridades políticas da região.

Kátia disse que neste momento o Brasil precisa mais do que nunca do agronegócio para voltar a crescer e que espera que os bancos continuem sendo parceiros do setor como "sempre foram". A demora na liberação dos financiamentos é uma reclamação generalizada entre as grandes fabricantes de máquinas que participam da feira no Rio Grande do Sul.

Após o pronunciamento, em breve conversa com a imprensa, a ministra explicou que, em época de crise, os bancos costumam "apertar o cerco", aumentando o nível de exigência para a aprovação de contratos, o que torna o processo mais lento. "Mas acontece que nossos produtores já são clientes tradicionais, e isso (esta demora) não procede", argumentou.

Ela também falou que, entre julho e agosto, a liberação de recursos de custeio pelo Plano Safra aumentou 20% na comparação com os mesmos meses do ano passado. Já no acumulado entre janeiro e agosto a liberação ainda é 4% inferior à de 2014, mas está em trajetória de elevação. Ela não deixou claro, no entanto, se os números se referem apenas ao Banco do Brasil ou ao total movimentado pelas instituições financeiras. "Estamos com tendência boa de aumentar e dar vazão maior aos financiamentos", disse.

"Precisamos é melhorar o financiamento de máquinas e implementos do setor." Questionada pela imprensa sobre o processo de desembolso do BNDES, que oferta boa parte do dinheiro repassado pelos bancos ao setor, ela disse que o assunto seria debatido nesta sexta-feira, na Expointer, em reunião com a participação de um diretor do banco de fomento, representantes do Banco do Brasil e o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do RS (Simers), Claudio Bier. Algumas fabricantes do setor alegam que há morosidade e instabilidade nos desembolsos do BNDES este ano e que, portanto, o problema não se resume ao processo que é de responsabilidade dos bancos comerciais.

"Liguei para o Osmar Dias, que é o diretor vice-presidente do Banco do Brasil para a área de agronegócio, e perguntei se estava havendo problema da parte do BNDES. Ele disse que não, que eles estavam observando um recuo também na busca de ofertas pelos produtores rurais. Mas vamos sentar com o sindicato das máquinas, com o Banco do Brasil e o BNDES pra ver o que está acontecendo", contou.

Antes do discurso de Kátia, o presidente do Simers, Cláudio Bier, em sua explanação durante a solenidade, disse que a dificuldade nas vendas tira o ânimo do setor. "Eu esperava uma queda de 20% do mercado este ano, mas vai ser mais", falou. A ministra também exaltou em seu discurso o esforço do governo da presidente Dilma Rousseff em aumentar os recursos direcionados ao financiamento de máquinas agrícolas, com relação a outras gestões.

Ela também afirmou que o ministério irá implementar um programa de leite "robusto" no País nos principais Estado produtores. "Investiremos em 80 mil produtores de leite para que eles possam melhorar sua performance", afirmou, acrescentando que o objetivo é melhorar a qualidade do setor lácteo e a fiscalização sobre ele, para que os produtos sejam aceitos em países como China e Rússia.

A ministra ainda lembrou que o governo está investindo no desenvolvimento da Lei Agrícola Plurianual, para que o setor não dependa apenas de políticas de curto prazo. "Queremos segurança agrícola", falou.

Kátia discursou para uma plateia formada basicamente por produtores rurais, lideranças do setor e políticos gaúchos. Na tribuna, junto a outras autoridades, estava o governador do Estado, José Ivo Sartori (PMDB), companheiro de partido da ministra. Ele foi alvo de protestos de servidores durante toda a cerimônia. Com faixas e apitos, o grupo de manifestantes gritou palavras de ordem contra o parcelamento de salários efetuado pelo governo estadual como consequência do agravamento da crise financeira do RS.

No início de sua fala, Kátia proferiu palavras de apoio a Sartori, dizendo que ele vai superar os problemas que foram criados não apenas em uma gestão, mas ao longo de muitos governos no Rio Grande do Sul.

Ministérios

Kátia Abreu negou que o Ministério de Desenvolvimento Agrário possa ser extinto - sendo absorvido pelo Ministério da Agricultura na reforma ministerial que está sendo estudada pelo Palácio do Planalto. "Isso não está em pauta, absolutamente nunca foi tratado no governo. Não está em questão este assunto", disse a jornalistas após participar da solenidade de abertura da 38ª Expointer, na região metropolitana de Porto Alegre.

Perguntada sobre os efeitos da crise política vivida pelo País, ela disse que o ambiente mais turbulento não prejudica o ministério de forma nenhuma. "Temos tido todo o apoio do Congresso Nacional e, se nós contabilizarmos as outras áreas que não são do Ministério da Agricultura, na grande maioria das votações importantes o Congresso votou a favor do governo", falou. "Com relação à agricultura, temos muito apoio do Congresso, da Câmara, do Senado, da Frente Parlamentar de Agricultura, não temos tido nenhum tipo de problema."

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