Leo Pinheiro foi "apenas um dos elementos" para condenação de Lula, rebate força-tarefa da Lava Jato

Leo Pinheiro foi "apenas um dos elementos" para condenação de Lula, rebate força-tarefa da Lava Jato

Reportagem da Folha de S.Paulo afirmou que testemunho de empresário que incriminou ex-presidente gerou desconfiança entre os procuradores

R7

Defesa de Lula divulgou nota, neste domingo, reforçando “a forma ilegítima e ilegal como foi construída a condenação do ex-presidente”

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A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba afirmou, neste domingo, que a delação premiada do empreiteiro Leo Pinheiro “foi apenas um dos elementos de prova que embasaram a condenação de um ex-presidente da República” — no caso, Luiz Inácio Lula da Silva. Em nota oficial, os procuradores informaram que “a condenação foi fundamentada em farto material probatório que incluiu documentos, perícias, diversos testemunhos e outros materiais”. O posicionamento é uma respoata à Folha de S.Paulo que publicou reportagem que indica desconfiança dos procuradores com o conteúdo oferecido por Leo Pinheiro — principal responsável pela punição ao petista. O texto tem por base novo vazamento de conteúdo de um aplicativo de troca de mensagens usado pelos procuradores.

Em agosto de 2016, segundo o jornal, o promotor Sérgio Bruno Cabral Fernandes disse a outros membros da equipe: “Sobre o Lula eles não queriam trazer nem o apt. Guarujá”. E completou: “Diziam q não tinha crime”. Leo Pinheiro levou quase um ano para negociar a delação premiada e, em abril de 2017, deu o testemunho que complicou Lula. Além de questionar a veracidade dos diálogos publicados pelo jornal, a força-tarefa da Lava Jato diz que “é inadequada a insinuação de que o ex-presidente teria sido condenado em razão desse depoimento”.

O comunicado enfatiza ainda que “o trabalho da força-tarefa foi analisado e validado por diferentes instâncias do Judiciário”. A defesa de Lula divulgou uma nota, neste domingo, afirmando que a reportagem com nova troca de mensagens reforça “a forma ilegítima e ilegal como foi construída a condenação do ex-presidente” e que Leo Pinheiro foi pressionado a mudar de posição “em troca de benefícios negociados com procuradores de Curitiba, obtendo a redução substancial da pena”.

A nota, assinada pelo advogado Cristiano Zanin, afirma que a defesa apresentou, em 2016 e 2017, à Procuradoria Geral da República, pedido de que fossem apuradas informações divulgadas pela imprensa de que Pinheiro estaria sendo forçado a incluir o nome de Lula. Os procedimentos foram arquivados. “As novas revelações se somam a tantas outras que mostram a necessidade de ser anulado todo o processo e a condenação imposta a Lula”, disse Zanin.

Leia a nota da força-tarefa da Lava Jato na íntegra:

“O contexto e a veracidade do material publicado sobre a delação do ex-presidente da OAS não puderam ser constatados. A publicação, que tem por base material de origem criminosa e não confiável, contrasta com o fato de que testemunho de Léo Pinheiro foi prestado sem a existência de acordo de colaboração premiada, sem qualquer promessa de benefício, por decisão dele e de seu advogado. O depoimento dele foi apenas um dos elementos de prova que embasaram a condenação de um ex-presidente da República, analisada e validada por diferentes instâncias do Poder Judiciário, que sempre tomou com ressalvas a palavra de corréu que pretende colaborar.

A condenação foi fundamentada em farto material probatório que incluiu documentos, perícias, diversos testemunhos e outros materiais. O teor da publicação também não é coerente com o fato de que o testemunho de Léo Pinheiro sequer existia quando foi feita a acusação. Por todos esses motivos, é inadequada a insinuação de que o ex-presidente teria sido condenado em razão desse depoimento.

Em todos os acordos, os procuradores reforçam para os advogados que buscam a verdade e jamais versões. O MPF zela para que não haja ocultação ou distorção de fatos por parte do colaborador, seja para beneficiar ou prejudicar quem quer que seja, submetendo as informações e provas fornecidas a exame crítico. A negociação de acordos de colaboração é realizada sob sigilo legal e profissional. No caso de integrantes da OAS, as negociações foram conduzidas por muitos procuradores que atuavam na Procuradoria-Geral da República e na força-tarefa da Lava Jato, que sempre pautam suas ações pessoais e profissionais pela ética e pela legalidade.

O trabalho da força-tarefa foi analisado e validado por diferentes instâncias do Judiciário. A análise de fatos e provas, a seu tempo, em fundamentação robusta e detalhada pelas diferentes instâncias, evidenciam a solidez do trabalho.”


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