Lula comenta delação de Cid e vê Bolsonaro "envolvido até os dentes" com tentativa de golpe

Lula comenta delação de Cid e vê Bolsonaro "envolvido até os dentes" com tentativa de golpe

Declaração foi dada ainda na Índia, antes de embarque de volta para o Brasil

Correio do Povo e AE

Mauro Cid teria cometido os crimes "sem o conhecimento e sem a anuência do ex-presidente"

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou nesta segunda-feira a delação premiada de Mauro Cid, homologada durante o final de semana pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, as informações do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro comprometem o ex-presidente do Brasil. Lula colocou ainda que seu antecessor estaria envolvido até os dentes numa tentativa de golpe de Estado. 

"Eu acho que ele está altamente comprometido. A cada dia vai aparecer mais coisas e a cada dia nós vamos ter certeza de que havia perspectiva de golpe e que o ex-presidente estava envolvido nela até os dentes. Isso vai ficar claro. O tempo vai se encarregar", disse. 

"A única chance que ele tinha de não participar disso era quando ele estava preocupado em vender as joias. Fora disso, ele é o responsável por parte das coisas ruins que aconteceram no nosso País", acrescentou o chefe de Estado brasileiro antes de embarcar de volta para o Brasil após da Cúpula do G-20, na Índia. 

Lula disse que não tem conhecimento do conteúdo da delação premiada de Mauro Cid. 

Perversão 

A soltura do ex-ajudante de ordens Mauro Cesar Barbosa Cid após sua delação ser homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) provocou reações de parte da comunidade jurídica. Começaram a circular nas redes sociais cobranças aos que antes criticavam a Lava Jato por adotar o mesmo procedimento: só soltar o investigado após ele se transformar em delator.

O caso Cid trouxe de volta à redes sociais o vídeo de um julgamento da Corte em que o ministro Gilmar Mendes chama de "perversão" e "tortura" soltar presos após acordo de delação premiada. Ele se referia a um processo da Lava Jato, operação também criticada por advogados pela estratégia de manter investigados presos até que se tornavam delatores.

"É muito grave para a Justiça ter esse tipo de vexame. As pessoas só eram soltas depois de confessarem e fazer acordo de leniência. Isso é uma vergonha e nós não podemos ter esse tipo de ônus. Coisa de pervertidos. Claramente se tratava de prática de tortura, usando o poder do estado. Sem dúvida nenhuma se trata de pervertidos incumbidos de funções públicas", disse Gilmar Mendes em um julgamento no dia 9 de maio.


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