Mandetta diz que Mais Médicos parecia "convênio entre Cuba e PT"

Mandetta diz que Mais Médicos parecia "convênio entre Cuba e PT"

Futuro ministro da Saúde falou sobre prioridades do novo governo

R7 e Agência Brasil

Deputado federal Luiz Henrique Mandetta comentou sobre a saída de Cuba do programa Mais Médicos

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Após ser anunciado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) como o futuro ministro da Saúde, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) comentou sobre a saída de Cuba do programa Mais Médicos, o que gerou um déficit de mais de oito mil médicos em todo país.

"Esse é um dos riscos de se fazer um convênio terceirizando uma mão-de-obra essencial. Os critérios à época me parecem quem eram muito mais um convênio entre Cuba e o PT, e não entre Cuba e o Brasil, porque não houve uma tratativa bilateral, mas uma ruptura unilateral."

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Mandetta também disse que irá se reunir com o atual ministro Gilberto Ochi sobre o programa. Uma das alternativas seria uma Proposta de Emenda Constitucional (Pec) que cria a carreira de Estado para médicos. "O senador Ronaldo Caiado tem um Projeto de Emenda Constitucional de 2008 propondo uma carreira de estado, que é uma das maneiras que os países têm de fazer uma proposta para essas pessoas poderem ir para locais de difícil provimento", disse Mandetta.

Ele admitiu que pode vir a flexibilizar a exigência de revalidação dos diplomas de médicos. Segundo o futuro ministro, a hipótese é considerada para autorizar o trabalho de profissionais com diploma estrangeiro no país. "Há possibilidade de se fazer avaliação em serviço, há possibilidade de se fazer uma série de medidas onde você resguarda a população e dá garantias da qualidade daquele profissional", afirmou Mandetta. Para o futuro ministro, a exigência do Revalida é uma segurança para os pacientes.

"O que a gente quer fazer com o Revalida é revalidar, saber quem é, o que estudou, o que falta de lacuna para atender o povo brasileiro, o grau de competência e de vínculo com a comunidade." O Revalida reconhece os diplomas de médicos que se formaram no exterior e querem trabalhar no Brasil. O exame é feito tanto por estrangeiros formados em medicina fora do Brasil, quanto por brasileiros que se graduaram em outro país e querem exercer a profissão em sua terra natal.

Prioridades

Sobre as prioridades do futuro governo, o deputado federal disse que no caso da saúde, não existe um assunto que é mais importante que o outro. "A gente tem uma agenda muito grande: desde a concepção, pré-natal que é uma questão importantíssima, a primeira infância, as questões dos prematuros. Depois, a gente vem até os adolescentes, a gravidez na adolescência, DST/AIDS."

Mandetta também explicou que doenças mentais serão uma preocupação do sistema de saúde. "A própria maturidade tanto do homem como da mulher, a questão do estresse, do trabalho, a questão de doença mental que é o principal agravo que leva as pessoas ao sistema de saúde, a depressão, pânico."


Perfil

Médico e ex-secretário de Saúde de Campo Grande, Mandetta está no segundo mandato de deputado federal e não disputou as eleições deste ano. Ele foi anunciado mais cedo como o mais novo integrante do primeiro escalão do governo de Jair Bolsonaro. Mandetta é investigado por suposta fraude em licitação, tráfico de influência e caixa 2 no contrato para implementar um sistema de informatização na saúde em Campo Grande, no período em que foi secretário, entre 2005 e 2010.

Questionado sobre as suspeitas, ele negou irregularidades. "Exigia auditorias a cada 15% da execução do projeto. Tem seis auditorias. O projeto sofreu uma ruptura a partir de 2013, por interrupção adiministrativa, e um deputado de um partido de oposição resolveu fazer todas essas denúncias. Sempre que isso ocorre, a gente se sente desconfortável, mas quem é pessoa pública tem que se submeter a essas situações." O futuro ministro chegou a ter os bens bloqueados em uma ação civil pública relativa ao caso.

Na conversa com a imprensa após ter seu nome confirmado para o ministério, Mandetta disse que foi respaldado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro. "Estive com o presidente, antes de ventilarem meu nome, levei a ele toda a situação", contou. "Não sou réu, não tenho ainda a condição de saber quais são as eventuais culpabilidades a mim impostas, e quando for, se for o caso, apresento ao presidente. Mas, no momento, ele é o eleito e achou mais importante contar essa unidade que a gente pode representar para o setor, com essa experiência administrativa."

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