Marchezan defende tributo a motoristas de cidades próximas para subsidiar passagem em Porto Alegre

Marchezan defende tributo a motoristas de cidades próximas para subsidiar passagem em Porto Alegre

Prefeito citou exemplo de São Paulo, que consegue equalizar a tarifa dos ônibus com auxílio do dinheiro do tesouro

Correio do Povo

Marchezan defendeu tributação a motoristas de outras cidades em Porto Alegre

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O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, concedeu entrevista na manhã desta sexta-feira à Rádio Guaíba e reiterou a necessidade de aprovação do pacote Transporte Cidadão, que está em tramitação na Câmara de Vereadores. Ele defendeu a proposta que versa sobre a taxa a motoristas de cidades próximas e aos condutores de aplicativo e afirmou que o dinheiro seria usado para subsidiar a passagem do ônibus em Porto Alegre. 

"Estamos buscando alternativas para viabilizar um serviço de utilidade pública. O que propusemos é que o motorista que venha de fora pague uma tarifa de R$ 4,70. É quase um litro de gasolina, o mesmo valor do preço do ônibus. Todos são muito bem-vindos, mas dariam uma pequena contribuição porque geram poluição na cidade, geram congestionamento também", disse. 

Ao falar da tarifa dos coletivos na Capital, Marchezan citou o número de pessoas isentas e lembrou que a cidade não usa o dinheiro do tesouro para fazer o custeio da passagem. "Porto Alegre hoje tem a tarifa mais cara e poderá sofrer o maior aumento de passagem de todas as cidades do Brasil. As nossas sugestões foram feitas desde 2017 e, se elas não são boas, é importante que se apresente uma proposição que seja adequada. O interesse em mobilidade é tão relevante quanto a saúde e a educação e nós estamos dando essa importância. Nós temos 125 mil pessoas que andam de ônibus sem pagar. Se tivéssemos a mesma média nacional de isenções, nós teríamos a passagem 55% mais barata. Não temos também o dinheiro do tesouro no transporte público. São Paulo, por exemplo, coloca R$ 3 bilhões para equalizar a tarifa. O que estamos colocando para debate é quem vai pagar este subsídio porque não é viável as pessoas mais pobres pagando ônibus", argumentou.  

Marchezan explicou que a prefeitura tem buscado justiça na administração das contas municipais e citou novamente o exemplo de São Paulo no que se refere à tributação de motoristas de aplicativos. "No IPTU, buscamos justiça, com as pessoas pagando de acordo com o seu patrimônio. Buscamos isso na despesa de pessoal porque entendemos que não podemos dar aumentos automáticos para servidores que têm garantia de remuneração. Justiça na tributação e na utilização. Tributar os aplicativos, o mundo inteiro já faz, assim como outras cidades brasileiras. E o dinheiro da tributação não vai para o caixa, vai para subsidiar a passagem, tudo para que o usário pague um valor menor. Tem uma empresa de aplicativo que paga 500 milhões de tributação em São Paulo, sem lei, apenas com um decreto", observou. 

Nessa segunda, um dos sete projetos do pacote da mobilidade, que tratava do desemprego gradual dos cobradores dos ônibus da Capital, foi derrubado por ampla maioria dos vereadores, com 23 votos contrários e 9 a favor. Marchezan também detalhou alguns dados sobre como é feito o cálculo da tarifa, afirmando que em torno de R$ 2,30 são usados para custeio de pessoal, ou seja, motoristas e cobradores. "Em Porto Alegre, o condutor de ônibus tem o segundo maior salário nacionalmente, fica 20% acima da média brasileira e cobradores ficam 39% acima. Isso torna a passagem 40 centavos mais cara. Se tivéssemos a mesma média nacional de remuneração, seria o contrário, com uma tarifa 40 centavos mais barata", colocou. 


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