Ministério da Cidadania contratou empresas sem licitação, diz jornal

Ministério da Cidadania contratou empresas sem licitação, diz jornal

Em 2016, contrato não licitado desviou R$ 50 milhões da pasta

AE

Série de negócios envolve prestadores de serviços de tecnologia

publicidade

Alvo de uma reestruturação interna por causa de suspeitas de irregularidades em contratos na área de Tecnologia da Informação, o Ministério da Cidadania firmou negócios em série e sem licitação, em 2019, para contratação de serviços e soluções na área de computação, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. Como mostrou o Estado no último sábado, o Ministério da Cidadania, comandado por Osmar Terra, contratou uma empresa de informática que, segundo a Polícia Federal, foi usada para desviar R$ 50 milhões dos cofres públicos entre 2016 e 2018.

A Business to Technology (B2T) foi alvo na semana passada da Operação Gaveteiro. O foco são contratos da gestão Michel Temer, mas a empresa conseguiu fechar negócio no governo de Jair Bolsonaro. A B2T não foi localizada no endereço que consta do contrato com a pasta.

Em um intervalo de pouco mais de seis meses, entre junho de 2019 e janeiro de 2020, a pasta comandada pelo ministro Osmar Terra contratou pelo menos oito empresas da área de TI, a um custo total de R$ 36 milhões. Pelo menos cinco contratos foram fechados sem licitação, por R$ 25 milhões. Por meio de assessoria, a pasta informou que "está sendo feita uma avaliação dos contratos de TI deste ministério".

No mês passado, toda a equipe que chefiava o setor de TI do ministério foi exonerada, depois que começaram a surgir suspeitas sobre os contratos firmados na atual gestão. Um dos demitidos foi o subsecretário de TI da pasta Júlio César Lyra.

O primeiro contrato de TI fechado na gestão Osmar Terra foi com a TRDT Brasil, pelo valor de R$ 8,7 milhões, para prestação de serviços de suporte técnico e atualização de versões de sistemas. Foi assinado pelo subsecretário de Assuntos Administrativos da pasta, Paulo Roberto de Mendonça e Paula, em 7 de junho de 2019. A negociação, assim como no caso da B2T, foi feita sem licitação.

Outro contrato assinado sem licitação pelo subsecretário - aliado de Terra - foi com a Niva Tecnologia. O que chamou atenção, neste caso, é que o ministério foi atrás de uma ata do Serviço Florestal Brasileiro para conseguir contratar o trabalho sem a necessidade de um pregão. Órgãos públicos costumam "reaproveitar" atas de outras instituições para encurtar o caminho das contratações.

No caso da Niva, a "carona" foi pega em órgão com atribuições totalmente diferentes das da pasta da Cidadania, já que o Serviço Florestal Brasileiro tem a missão de promover o uso sustentável e a ampliação da cobertura florestal do País. A adesão à ata custou R$ 7,4 milhões ao ministério. O objetivo do contrato, assinado em 6 de julho de 2019, é a compra de solução de TI destinada ao tratamento e entrega de dados.

O outro lado 

O Estado questionou o Ministério da Cidadania se é comum a realização de diversas contratações em um curto período e se empresas públicas do próprio governo não poderiam prestar os serviços. A pasta disse que iria responder a todos os questionamentos, mas não se manifestou até a conclusão desta edição. O ministério também não informou se os funcionários demitidos responderão a alguma sindicância.

A reportagem não localizou nenhum representante das empresas TRDT Brasil e Niva Tecnologia. Operação. A Operação Gaveteiro, da PF, mira desvios de mais de R$ 50 milhões no extinto Ministério do Trabalho. Houve buscas contra o ex-deputado Jovair Arantes (PTB-GO), o ex-assessor da Casa Civil (governo Bolsonaro) Pablo Tatin e o ex-ministro do Trabalho (governo Temer) e atual presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Ronaldo Nogueira.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895