Ministérios criticam PEC que perdoa irregularidades de partidos nas eleições

Ministérios criticam PEC que perdoa irregularidades de partidos nas eleições

Proposta em análise no Congresso livra de punições siglas que não cumpriram cotas raciais e de gênero; PT votou a favor da medida

R7

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Após a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que perdoa os partidos que não cumpriram as regras de cotas de gênero e de raça nas eleições de 2022, ministérios do governo federal se manifestaram contra a matéria. A PEC foi aprovada na terça-feira, com os votos da ampla maioria dos membros do colegiado.

Apesar das críticas feitas pelo Executivo, a matéria recebeu apoio até de deputados do PT. Os oito parlamentares do partido que participaram da votação na CCJ deram respaldo à aprovação da proposta, inclusive a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Parlamentares de outros partidos que estão à frente de ministérios, como PSD e MDB, também votaram pela aprovação da PEC. O Ministério das Mulheres disse que “acompanha com preocupação” a tramitação da matéria. “Esta é quarta vez que este direito político das mulheres é ameaçado. A PEC está em tramitação menos de um ano depois da última anistia aprovada pelo Congresso Nacional em maio de 2022”, reclamou a pasta.

Segundo o ministério, “as mulheres que, superando as adversidades estruturais, conseguem adentrar à vida pública, são ainda sistematicamente caladas pela violência política de gênero”. “É preciso reforçar que a ausência de repasse dos recursos destinados às mulheres pela Lei de Cotas e a sistemática desresponsabilização dos partidos constituem na mesma violência política de gênero”, frisou o órgão.

O Ministério da Igualdade Racial também condenou a PEC. Segundo a pasta, “a proposta colide com as conquistas de mulheres e da população negra que historicamente são sub-representadas no cenário político do país, não obstante componham a maior parte da população brasileira”.

“É inadmissível o retrocesso representado pela PEC, que esvazia o primeiro de muitos passos que precisam ser dados para o combate às múltiplas barreiras de acesso igualitário de mulheres e pessoas negras a cargos políticos. Se promulgada a proposta, caminharemos na contramão da luta por uma democracia de fato representativa". 

Confira os pontos da PEC

- Não serão aplicadas sanções de qualquer natureza, inclusive de devolução e recolhimento de valores, multa ou suspensão do fundo partidário e do fundo especial de financiamento de campanha, aos partidos que não preencheram a cota mínima de recursos ou que não destinaram os valores mínimos em razão de sexo e raça nas eleições de 2022 e anteriores;

- Não incidirão sanções de qualquer natureza, inclusive de devolução e recolhimento de valores, multa ou suspensão do fundo partidário e do fundo especial de financiamento de campanha, nas prestações de contas de exercício financeiro e eleitorais dos partidos políticos que se deram anteriormente à promulgação desta alteração de emenda constitucional;

- Fica permitida a arrecadação de recursos de pessoas jurídicas por partido político, em qualquer instância, para quitar dívidas com fornecedores contraídas ou assumidas até agosto de 2015.


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