Moraes derruba decisão que garantia protesto solitário de bolsonarista em Belo Horizonte

Moraes derruba decisão que garantia protesto solitário de bolsonarista em Belo Horizonte

Prefeito da capital mineira agradeceu "postura firme" do ministro do STF sobre a questão

AE

Ministro Alexandre de Moraes

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a desobstrução total e imediata do acampamento de bolsonaristas em frente ao Comando do Exército e do seu entorno em Belo Horizonte, neste sábado. A decisão de um juiz de plantão da Justiça mineira autorizava a volta de um manifestante solitário ao local. A decisão de Moraes atendeu a um pedido da Prefeitura de Belo Horizonte, que recorreu da decisão da 1ª instância.

O ministro determinou também que todos os veículos presentes no local sejam identificados e os proprietários multados, no valor de R$ 100 mil, assim como as pessoas que descumprirem a decisão. O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), agradeceu a Moraes. "Agradeço ao ministro pela postura firme na defesa da ordem pública ao acatar nosso recurso e determinar a imediata desobstrução da Avenida Raja Gabablia (local das manifestações). O Estado Democrático de Direito é condição inegociável", escreveu o mandatário.

O local estava ocupado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, pedindo a intervenção de militares contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi desmantelado nesta sexta pela prefeitura de Belo Horizonte, após mais de dois meses de protestos. A operação terminou com manifestantes agredindo jornalistas de diversos veículos de imprensa.

Moraes ainda ordenou que seja aplicada a multa de R$ 100 mil ao empresário Esdras Jônatas dos Santos, manifestante que havia conseguido liminar na Justiça mineira para manter o protesto no local, de forma "solitária". A medida liminar só valia para ele.

Esdras foi atendido pelo juiz Wauner Batista Ferreira Machado, que decidiu, na noite de sexta, que o empresário poderia retornar ao local. A decisão foi proferida em caráter liminar. Houve ainda a determinação do juiz de primeira instância para que a prefeitura devolvesse os bens apreendidos sob pena de multa diária e incidência no crime de desobediência.

"É de uma nitidez solar que a livre a manifestação do pensamento, em local público, de forma coletiva, sem restrições e censura prévia, respeitadas as vedações previstas, sob a responsabilidade dos indivíduos pelo excesso, é intocável", escreveu o juiz Wauner Machado.

O comerciante Esdras Jonatas dos Santos havia sido apontado pela investigação local como um dos articuladores dos atos em Minais Gerais. Ao entrar com a ação, ele pediu gratuidade judiciária e alegou não ter "condições de arcar com as despesas processuais sem obter prejuízo de seu próprio sustento e de sua família". Esse pedido também havia sido aceito liminarmente pelo juiz, que deu cinco dias úteis para o comerciante apresentar a última declaração de Imposto de Renda.

Nas redes sociais, no entanto, Santos ostenta viagens nacionais e internacionais. Os destinos incluem Trancoso (BA), Rio de Janeiro (RJ), Miami, nos Estados Unidos, Tulum, no México, e Paris, na França. Em uma transmissão ao vivo ontem, ele foi até o protesto com um Porsche.

 


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