"Não queremos um ambiente de guerra", diz Schirmer sobre auxílio da Força Nacional

"Não queremos um ambiente de guerra", diz Schirmer sobre auxílio da Força Nacional

Governo estadual foi surpreendido por ofício de Marchezan a Temer para julgamento de Lula <br />

Correio do Povo e Rádio Guaíba

Lula será julgado no TRF4, em Porto Alegre, em 24 de janeiro

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Secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Cezar Schirmer disse, em entrevista à Rádio Guaíba, que "não quer um ambiente de guerra", durante o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Porto Alegre. Alegando "ameaça de ocupação" e "desobidência civil", a prefeitura solicitou ao governo federal o reforço da Força Nacional e do Exército para o dia 24, quando o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) analisará o recurso de Lula no âmbito da Operação Lava Jato.

"Todos terão chance de manifestação, mas dentro da lei, num ambiente democrático e de respeito. Qualquer constrangimento, quem será prejudicado é Porto Alegre", reforçou o secretário. 

A Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul foi surpreendida pela decisão da Prefeitura de Porto Alegre. De acordo com a SSP, o Estado é o responsável pela segurança pública e tem competência constitucional de solicitar o reforço da Força Nacional e do Exército. Ainda na quarta-feira, prefeitura e governo do Rio Grande do Sul estiveram reunidos durante todo o dia. Forças de segurança estaduais e municipais instalaram um gabinete de crise, para alinhar estratégias de segurança que serão adotadas no do julgamento. A composição do gabinete está sendo desenvolvida há pelo menos 15 dias.

“Ontem, reunimos representantes dos órgãos estaduais, federais e prefeitura de Porto Alegre. Nesta reunião montamos um gabinete de crise e não tornamos público a instalação. E aí no fim da tarde saiu essa informação do prefeito (Nelson) Marchezan (do pedido da Força Nacional e do Exército)”, disse o secretário de Segurança Cezar Schirmer, em entrevista à Rádio Guaíba.

Para a prefeitura, o documento colabora para que o gabinete de crise – iniciativa do governo do Estado - tenha mais efetividade nas ações traçadas pelos órgãos de segurança. No pedido encaminhado ao presidente da República Michel Temer, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior, considerou necessário o auxílio federal por causa da “ameaça de ocupação de espaços públicos municipais pelos diversos movimentos sociais” e também devido à “menção à desobediência civil e luta propugnadas nas redes sociais por alguns políticos, inclusive Senadores da República”.

Ainda não há retorno do governo federal sobre o pedido de reforço da segurança.

Manifestações previstas

Na véspera do julgamento de Lula, dia 23, a presidente cassada Dilma Rousseff vai participar do evento de abertura de uma vigília no Parque Harmonia, em frente ao TFR-4. Cerca de duas semanas atrás, a Justiça Federal em Porto Alegre decidiu proibir um acampamento que o Movimento dos Sem Terra (MST) pretendia fazer no parque, mas liberou o local para manifestações, com preferência para os grupos que apoiam o ex-presidente. O MST negocia com as autoridades da capital gaúcha outro local para o acampamento. No dia 22, um grupo de advogados brasileiros e estrangeiros vai participar de um debate público sobre o processo.

De acordo com o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, vice-presidente do PT e coordenador das mobilizações em defesa do ex-presidente, o Fórum Social Mundial promete fazer um ato no dia 23, com a presença de líderes e entidades de esquerda de vários países.

Além disso, o PT e suas lideranças têm difundido nas redes sociais o manifesto "Eleição Sem Lula é Fraude", escrito pelo ex-chanceler Celso Amorim. Com versões em português, inglês, espanhol, francês e árabe, o documento já recebeu mais de 80 mil assinaturas, entre elas a do linguista e filósofo norte-americano Noam Chomsky e dos possíveis rivais de Lula na eleição presidencial Guilherme Boulos e Manuela D'Ávila (PC do B).

Julgamento

Lula foi condenado, em primeira instância, a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do triplex do Guarujá. No dia 24, a 8ª Turma do TRF-4 vai julgar a apelação apresentada pela defesa do petista. Caso a condenação seja confirmada, Lula pode ser impedido de disputar a eleição presidencial.

O ex-presidente já afirmou a dirigentes do PT que estará presente em Porto Alegre no dia 24. Oficialmente, a assessoria do Instituto Lula não confirma que o ex-presidente vá acompanhar o julgamento em Porto Alegre. Segundo o instituto, a defesa do petista solicitou ao TRF-4 que o ex-presidente seja ouvido durante o julgamento, mas o pedido ainda não foi apreciado pelos desembargadores do tribunal.


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