Política

Nome do PT ao Senado no RS vai passar por Lula

Telefonema de Edinho Silva para Paulo Paim cancelou reunião na qual lideranças gaúchas pretendiam definir se vaga ficará com o senador ou com Paulo Pimenta

Paim e Pimenta disputam internamente indicação para uma das cadeiras ao Senado em 2026
Paim e Pimenta disputam internamente indicação para uma das cadeiras ao Senado em 2026 Foto : Thiago Coelho / Governo federal / Divulgação / CP

As prioridades do PT nacional, que são a reeleição do presidente Lula e a conquista do maior número possível de vagas para o Senado, já começaram a impactar as definições do partido no RS, a exemplo do que ocorre nos demais estados. São duas cadeiras em jogo em 2026. No Estado, em uma coligação, o PT ocupará uma, e a outra está acertada para a ex-deputada Manuela D'Ávila, que concorrerá pelo PSol ou pelo PSB.

Para esta sexta-feira, 10, lideranças petistas gaúchas haviam marcado uma reunião, na tentativa de definir seu candidato. Mas o encontro, do qual participariam o senador Paulo Paim, o deputado federal Paulo Pimenta, o presidente da Conab, Edegar Pretto, e integrantes da executiva estadual, acabou desmarcado, sob a justificativa de incompatibilidade de agendas.

O que de fato motivou o adiamento da reunião, porém, foi um telefonema do presidente nacional do PT, Edinho Silva, para Paim, no qual o dirigente deixou claro que a decisão sobre quem será o candidato da sigla ao Senado no RS vai passar por Lula e pelo comando nacional. A conversa, aqui, só vai acontecer depois que Paim se reunir com Edinho.

Hoje, o preferido de Lula e do comando nacional para o Senado é Pimenta. Mas o nome de Paim, que havia anunciado a aposentadoria no final do ano passado e depois voltou atrás, com o discurso de ‘apelo das bases’, ganhou fôlego no PT gaúcho por dois motivos.

O primeiro, a regra interna de que candidatos à reeleição têm prioridade. A sigla não quer passar a impressão de que aposentou Paim “à força”. Apesar do entendimento majoritário de que, ao longo dos 23 anos de Senado, sua presença no Estado foi se tornando cada vez mais rara. O segundo motivo é que, se disputar um quarto mandato, o senador ajuda por tabela algumas alas do PT do RS que não aquelas ligadas a Pimenta. O imbróglio todo acaba respingando também em Pretto, nome que até o momento o partido apresenta para a corrida ao governo.

Entre os grupos que estão com Pimenta, além da preferência da nacional, há o entendimento de que o deputado, na conjuntura atual, tem mais chances de conquistar a vaga do que o senador. Estes grupos também já fizeram toda uma movimentação para ocupar o espaço a ser deixado pelo parlamentar em Brasília.

Os deputados estaduais Laura Sito e Valdeci Oliveira, atual presidente da sigla no RS, que pertencem a mesma corrente interna de Pimenta, por exemplo, vão disputar vagas na Câmara dos Deputados. Como já se apresentaram para federal, outros nomes da legenda se lançaram para herdar os eleitores dos dois na Assembleia Legislativa. “É como um dominó. Se o Pimenta desse meia volta e resolvesse concorrer a deputado federal, a esta altura do campeonato, ia causar um engarrafamento”, resume uma liderança que participa das articulações.

A outra alternativa possível para o ex-ministro caso a direção nacional seja convencida da viabilidade de Paim é vista pelos apoiadores de Pimenta como com potencial para gerar “uma grande e desnecessária confusão.” Porque ela seria a colocação de Pimenta como opção para ocupar a vaga ao governo, desgastando ainda mais Pretto.

E o presidente da Conab, que internamente é independente, sem integrar uma corrente partidária, ainda não se livrou de todo das especulações, alimentadas por companheiros de legenda, de que o PT poderia apoiar a candidatura da pedetista Juliana Brizola ao governo. Mesmo que a hipótese tenha perdido fôlego nas últimas semanas. E mesmo que a direção estadual tenha passado a anunciar que as conversas com o PDT são para estabelecer pontes para o segundo turno.

Entre os grupos que não estão com Pimenta, a ‘consideração’ por Paim leva em conta outros fatores que não a prioridade a quem já tem mandato. Para diferentes alas e lideranças do PT gaúcho, seria mais vantajoso o deputado permanecer na Câmara em função de sua alta densidade eleitoral, que “puxa” outros candidatos, o que poderia não só manter a bancada, como aumentá-la.

Em 2022, com mais de 200 mil votos, Pimenta foi o terceiro mais votado do Estado e o primeiro do PT. Em função disto, uma das avaliações internas é a de que, se tentasse a reeleição em 2026, poderia auxiliar diretamente, entre outros, seus atuais colegas na Câmara, Denise Pessôa e Dionilso Marcon, além do ex-prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi.

“Nossa principal tarefa é mobilizar para a reeleição do presidente Lula. Aqui, temos mais nomes do que espaço na chapa. Então, vamos resolver. Quem define não são as figuras públicas do PT. É o partido. Até o final do mês teremos esta reunião que foi adiada. E, em 29 de novembro, conforme já estabelecido, teremos as decisões”, projeta o presidente estadual, Valdeci Oliveira. Nesta quinta-feira o PT gaúcho deu início a uma série de 27 encontros regionais para debater a conjuntura política e as eleições.