Nota do Itamaraty evita condenar ataques russos à Ucrânia

Nota do Itamaraty evita condenar ataques russos à Ucrânia

Texto contraria tradição diplomática brasileira de condenar invasões que violem normas e autodeterminação dos povos

R7

Nota do Itamaraty publicada nesta quinta-feira evitou condenar os ataques russos à Ucrânia

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A nota do Itamaraty publicada nesta quinta-feira evitou condenar os ataques russos à Ucrânia, contrariando uma das linhas mestras da diplomacia brasileira, que condena invasões por violarem as normas internacionais e o princípio de autodeterminação dos povos que está na Constituição Federal. 

No texto, a diplomacia brasileira também não fala em invasão. Diz "acompanhar com preocupação a deflagração de operações militares pela Rússia contra alvos ucranianos (...) e apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações diplomáticas". No final, justifica defender "os princípios da não intervenção, da soberania e integridade territorial dos Estados e da solução pacífica das controvérsias".

Outros países condenaram o ataque. São eles: Alemanha, Bélgica, Estados Unidos, França, Israel, Japão, Reino Unido, República Tcheca e Turquia. 

Já a China adotou postura de neutralidade. Emitiu um comunicado dizendo que a Rússia é um país independente e pode tomar suas próprias decisões e evitou falar em invasão. 

Na semana passada, em meio à escalada da tensão da Rússia contra a Ucrânia, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi ao território russo se encontrar com Putin. Na ocasião, o presidente brasileiro manifestou solidariedade à Rússia, e a declaração não foi bem vista pelo restante do mundo.

O tom da nota da diplomacia brasileira desta quinta-feira é diferente ao adotado pela Comissão de Exteriores da Câmara dos Deputados que repudiou, veementemente, os ataques perpetrados contra o território ucraniano. “O bombareio russo contra a Ucrânia viola as regras e normas internacionais e deve ser fortemente condenado pelas instâncias multilaterais e os governos democráticos”, diz a nota assinada pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG). 

No início desta semana, na segunda-feira (21), antes portanto da invasão e dos bombardeios, o representante brasileiro no Conselho de Segurança da Nações Unidas, Embaixador Ronaldo Costa Filho disse no debate sobre a situação da Ucrânia que a melhor solução seria cessar-fogo e retirada de tropas: "Um primeiro objetivo inescapável é obter um cessar-fogo imediato, com a retirada abrangente de tropas e equipamentos militares no terreno".

E concluiu falando dos alvos civis do conflito: "Não nos enganemos: no final das contas, estamos falando sobre a vida de homens, mulheres e crianças inocentes no terreno".


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