ONU bloqueia manobra norte-americana para reativar sanções ao Irã

ONU bloqueia manobra norte-americana para reativar sanções ao Irã

Intenção dos Estados Unidos era reativar as sanções internacionais a República Islâmica

AFP

Washington insiste em seus direitos legais de ativar o mecanismo questionado, denominado "snapback"

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As Nações Unidas bloquearam nesta terça-feira um polêmico mecanismo com o qual os Estados Unidos pretendiam reativar as sanções internacionais contra o Irã, após o Conselho de Segurança declarar que não poderá prosseguir com questionada manobra.

A presidência do Conselho, exercida desde agosto pela Indonésia, "não está em posição de tomar qualquer ação adicional" sobre o pedido de Washington, afirmou o embaixador indonésio Dian Triansyah Djani.

Em uma videoconferência sobre o Oriente Médio, ele mencionou a falta de consenso na mais alta entidade da ONU sobre a estratégia norte-americana como a principal razão para a negativa.

O governo Trump acusa Teerã de descumprir os termos do histórico acordo nuclear, assinado em 2015, e exige que o Conselho de Segurança reative as sanções contra a República Islâmica.

Washington insiste em seus direitos legais de ativar o mecanismo questionado, denominado "snapback", apesar de ter se retirado do acordo há dois anos.

A manobra ameaça solapar o acordo com o Irã e mergulhar o Conselho de Segurança em uma crise, aprofundando o abismo entre os Estados Unidos e quase todos os outros países-membros a respeito da política sobre o Irã. Treze dos 15 países-membros do Conselho escreveram à presidência indonésia para refutar sua validade.

Os Estados Unidos "estão sozinhos" em sua abordagem, e "seu objetivo final é destruir o acordo nuclear, quando eles já impuseram sanções (nacionais) ao Irã", disse um diplomata, que falou com a AFP com a condição de manter sua identidade preservada.

Outro disse que, com o repúdio majoritário ao projeto norte-americano por quase todo o Conselho, "normalmente a questão está encerrada". Mas os Estados Unidos não veem desta forma.

"Nós lembramos aos membros do nosso direito, segundo a Resolução 2231, de ativar o "snapback" e nossa firme intenção de fazê-lo na ausência de coragem e clareza moral do Conselho", declarou a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Kelly Craft. Anteriormente, Washington havia acusado os membros do Conselho de "se alinharem aos aiatolás".

O recurso ao mecanismo, nunca utilizado antes, veio depois de os Estados Unidos sofrerem uma derrota humilhante no Conselho de Segurança no mês passado, quando o país falhou em reunir apoio para uma resolução com vistas a estender um embargo de armas convencionais ao Irã.

Segundo o acordo de 2015, no qual sanções contra o Irã foram suspensas em troca de sua concordância em não desenvolver armas nucleares, uma notificação de que Teerã rompeu seu compromisso precisa a princípio ser seguida de um projeto de resolução pela presidência do Conselho de Segurança.

A exclusão desta opção pela Indonésia foi comemorada nesta terça-feira pela maioria dos membros do Conselho e pelo Irã.

O pedido "não tem valor e nem efeito legal e, portanto, é totalmente inadmissível", reagiu a missão iraniana na ONU em um comunicado de imprensa.

De acordo com diplomatas, Washington poderia agora avançar até apresentar seu próprio projeto de resolução, abrindo a via para mais confusão. Neste caso, segundo um embaixador, os oponentes no Conselho poderiam se abster de votar.


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