Onze Estados e DF têm protestos pacíficos contra Bolsonaro

Onze Estados e DF têm protestos pacíficos contra Bolsonaro

Maior parte dos atos transcorreu sem incidentes, mas polícia atuou para dispersar movimentos em algumas cidades

AE

São Paulo teve grande mobilização a partir do Largo do Batata

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Grupos contrários ao governo do presidente Jair Bolsonaro promoveram manifestações pacíficas neste domingo, em ao menos onze Estados e no Distrito Federal. Atos públicos com bandeiras diversas, como o combate ao racismo e a defesa da democracia e do impeachment, provocaram aglomerações especialmente na capital paulista, onde o protesto teve maior adesão. Ao fim, a Polícia Militar usou bombas de gás lacrimogênio para dispersar um grupo que desejava seguir até a Avenida Paulista, onde, pela manhã, governistas se reuniram em favor de Bolsonaro.

Após o encerramento do ato realizado no Largo da Batata, na zona oeste de São Paulo, por volta das 16h30min, houve também um princípio de tumulto logo contido pelas lideranças do protesto. Alguns manifestantes quebraram a porta de uma agência bancária no trajeto que faziam em direção à Paulista. Como mais cedo aliados de Bolsonaro se reuniram na via e a Justiça havia vetado a manifestação de grupos opostos no local, a caminhada até lá não foi permitia pela Polícia Militar, que usou um cordão de isolamento para conter essa parte dos manifestantes.

Após cerca de duas horas de negociação, a Tropa de Choque da PM usou bombas de efeito moral para dispersar o grupo que desejava seguir com o protesto com o argumento de que a decisão judicial vetava atos contra e a favor do governo no mesmo horário. Outros atos de vandalismo foram registrados a partir da ação policial, como caçambas de lixo incendiadas e vias bloqueadas.

Secretário-executivo da Polícia Militar de SP, o Coronel Álvaro Batista Camilo afirmou ao Estadão que as pessoas que entraram em confronto com a PM não eram manifestantes do Largo da Batata. "Meia dúzia de vândalos não representam os manifestantes. O dia inteiro o protesto ocorreu de forma pacífica", disse.

Mais cedo, a manifestação contra Bolsonaro chegou a fechar um trecho da Avenida Brigadeiro Faria Lima no meio da tarde. Parte das pessoas carregavam faixas com os dizeres "Fora Bolsonaro", outros levantavam cartazes questionando ações do governo nas áreas cultural e indígena, além de palavras de ordem contra ataques a negros, como a vereadora Marielle Franco, assassinada há dois anos no Rio.

No carro de som que estacionou no largo discursos a favor da democracia e direitos humanos foram feitos por líderes dos movimentos que une torcidas de futebol, estudantes e ativistas ligados ao PSOL, único partido a levar bandeiras ao ato.

Já na Avenida Paulista, cerca de cem manifestantes a favor de Bolsonaro, segundo Coronel Camilo, se reuniu na esquina com a Rua Pamplona, próximo ao prédio da Fiesp. Eles carregavam faixas que pediam "intervenção militar" e outras com críticas ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

Com bandeiras do Brasil e do Estado de São Paulo, os apoiadores de Bolsonaro ficaram a maior parte do tempo sobre a calçada, na esquina, sem número suficiente para ocupar as faixas de trânsito. O tráfego de veículos na via não foi afetado entre 11h e 15h30.

Além de pedir "intervenção militar com militar no poder", alguns manifestantes defendiam interesses de suas categorias profissionais. Duas pessoas carregavam uma faixa que pedia a reabertura de barbearias na cidade. Não houve registro de ocorrências policiais no movimento.

Nos demais Estados, os atos também ocorreram com tranquilidade. Em Brasília, protestantes ocuparam parte da Esplanada dos Ministérios para se posicionarem contra o presidente Jair Bolsonaro e contra o racismo. A Polícia Militar fez um cordão de isolamento para impedir que os manifestantes avancassem até a

Praça dos Três Poderes.

A exemplo das manifestações ocorridas em 2016, durante o processo de impeachment da ex-presidente  Dilma Rousseff ,  grupos a favor e contra o governo se dividiram entre os dois lados da Esplanada. Do lado esquerdo da via, em sentido ao  Congresso , ficaram os manifestantes que pedem a defesa da democracia e a saída de Bolsonaro. Do lado direito, poucos manifestantes se uniram em ato pró-Bolsonaro.

Os manifestantes também evitaram utilizar roupas de times ou de torcidas organizadas e bandeiras de partidos político, como forma de demonstrar que o ato era do cidadão e não atrelado a qualquer grupo
Belo Horizonte, Belém, Rio, Manaus, Recife, Porto Alegre, Recife, Curitiba, Salvador, Fortaleza e Goiânia também registraram atos políticos neste domingo. Na capital mineira, a concentração de opositores a Bolsonaro se deu na Praça da Bandeira, região sul, e seguiu em direção à Praça Sete, no centro. O representante da Unidade Popular (UP), Leonardo Péricles, que participou da manifestação, justificou o ato em plena pandemia.  "Não temos as melhores condições de lutar, mas temos que lutar. A bandeira 'Fora Bolsonaro' tem que ser a bandeira do povo brasileiro", disse.

Já em Belém, um forte esquema de segurança impediu uma manifestação contra o presidente ao longo da manhã. A capital do Pará também não teve atos a favor do presidente da República. Organizado pelas redes sociais, o movimento anti-Bolsonaro estava marcado para acontecer às 9h, em frente ao mercado de São Brás. Antes do horário previsto, no entanto, tropas da Polícia Militar, incluindo a de Operações Especiais, a cavalaria e também a Força Nacional, impediam qualquer tipo de aglomeração. Cerca de 50 manifestantes foram detidos e levados para uma delegacia.

O representante do movimento antirracista de Belém, Raphael Castro, repudiou a ação dos policiais. “Tivemos um diálogo muito limitado e não conseguimos expor aos agentes da segurança pública os motivos pelos quais estamos aqui. Desde o início esse era um ato que pretendia manter o distanciamento social e os protocolos de higiene”, explicou.


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