Oposição aciona PGR e TCU sobre ironia da Secom sobre Carlos Bolsonaro

Oposição aciona PGR e TCU sobre ironia da Secom sobre Carlos Bolsonaro

Deputado gaúcho Sanderson pediu apuração sobre postagem de campanha contra a dengue visto como ironia à operação da PF dessa segunda

Estadão Conteúdo
Deputado aponta suposto desvio de finalidade das redes sociais administradas pela Secom

Deputado aponta suposto desvio de finalidade das redes sociais administradas pela Secom

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O deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) enviou um ofício ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitando que haja apuração sobre um suposto desvio de finalidade das redes sociais administradas pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal.

Nesta segunda-feira, 29, o canal oficial do governo fez uma publicação ironizando a operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) em endereços ligados ao vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo argumenta o oposicionista no documento, os perfis oficiais do governo estariam sendo usados para "para atacar adversários políticos, manejando a promoção pessoal do atual presidente da República" e "debochando" de adversários políticos Ao Estadão, ele disse que o episódio é "lamentável" e o "exato retrato de um governo irresponsável e perdido, que precisa apelar para esse tipo de baixaria para se manter no poder".

No X (antigo Twitter), o ministro Paulo Pimenta, chefe da Secom, afirmou que publicações são fruto de "estratégia de marketing da comunicação digital".

Embora trate de um tema completamente diferente - o combate à dengue -, a publicação da Secom faz referência a um discurso da ex-deputada federal Joice Hasselmann, numa ocasião em que usou a tribuna da Câmara dos Deputados, em 2022. No discurso, Joice simulava como seria o dia em que uma operação da PF tivesse como alvo o então presidente Jair Bolsonaro. Apesar de ter sido eleita em 2018 na esteira do bolsonarismo, a ex-líder do governo Bolsonaro no Congresso, já estava rompida com a gestão federal quando fez a "encenação". Nesta segunda, a ex-parlamentar também reproduziu o meme.

O Estadão questionou o Palácio do Planalto se a publicação no perfil teve aval da Presidência da República e consultou a Secom a respeito do intuito da postagem, mas não obteve retorno.

O chefe da Secom, ministro Paulo Pimenta, usou seu perfil do X para afastar as associações de uso indevido da pasta e aproveitou para alfinetar críticos. "É difícil para quem raciocina em uma linguagem analógica tradicional entender o papel dos algoritmos nas 'janelas de oportunidades e fluxos' que a comunicação digital precisar considerar."

O ministro termina afirmando que qualquer narrativa diferente da defendida como uma estratégia de marketing da comunicação digital, é "especulação e tentativa de tirar o foco do que é central e relevante neste momento".

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Sanderson listou ainda outros memes usados pela Secom com teor político, em alusão a adversários do atual governo, para comunicar assuntos institucionais.

Entre os exemplos, o deputado cita uma publicação feita no dia da cassação do mandado de deputado federal do ex-procurador Deltan Dallagnol, em junho de 2023. Na ocasião, uma imagem como a usada por Dallagnol, do PowerPoint que ligava as provas obtidas pela investigação a Luiz Inácio Lula da Silva, foi publicada para marcar 137 dias de governo petista.

Outro exemplo citado é de uma publicação sobre a declaração do Imposto de Renda, em que o leão, símbolo do fisco, aparece perguntando: "E aí, tudo joia?". A postagem ocorreu em meio à revelação feita pelo Estadão sobre o escândalo envolvendo as joias recebidas pelo casal Bolsonaro do governo da Arábia Saudita e não declaradas à Receita Federal.


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