Organização de Cachoeira continua articulada, diz procuradora

Organização de Cachoeira continua articulada, diz procuradora

Léa Batista de Oliveira afirmou ter sido ameaçada por email

Agência Câmara

Procuradora foi uma das responsáveis pelos inquéritos das operações da PF

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A procuradora Léa Batista de Oliveira, uma das responsáveis pelos inquéritos decorrentes das operações Vegas e Monte Carlo, afirmou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, nesta terça-feira, que a organização criminosa comandada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira não foi desarticulada. Segundo ela, isso está claro pela estratégia adotada pelos acusados, de permanecer em silêncio na comissão, e pelas ameaças a autoridades. Ela disse que recebeu dois e-mails ameaçadores, procedentes de Anápolis (GO), que é “reduto” da família de Cachoeira.

Léa disse que foi surpreendida com uma tentativa de visita a seu prédio às 5h45min, por uma mulher, que não teve êxito. Sua equipe de segurança foi abordada por policiais militares e seu carro foi marcado. A procuradora lembrou ainda que, no início deste ano, as escutas telefônicas mostraram que integrantes da quadrilha haviam descoberto que estavam sendo investigados.

O grupo sabia o nome da operação da Polícia Federal (PF) e a Vara Federal responsável pelas investigações, conforme a procuradora, por isso foi preciso antecipar a deflagração da operação Monte Carlo. “O juiz responsável pelo caso ficou vulnerável e, por isso, tivemos de deflagar antes a operação”, afirmou.

Léa falou que a organização tem atuação como máfia, seja pela forma estruturada de agir ou do código de silêncio pelos membros. “É uma organização criminosa armada, sofisticada, complexa e ousada com código de silêncio orquestrado”, disse.

A procuradora fez um relato da atuação do Ministério Público, lembrando que as investigações da Operação Monte Carlo começaram em Valparaíso de Goiás – cidade localizada no entorno do Distrito Federal. As primeiras irregularidades foram detectadas em 2008, pela Operação Vegas. A Operação Monte Carlo foi iniciada em 2010.

Em março de 2011, o caso foi transferido para a Justiça Federal, em razão do envolvimento de um policial rodoviário federal. Segundo Léa, a exploração de jogos ilegais ocorria em locais conhecidos e de modo explícito. Para que isso fosse possível, a organização criminosa de Cachoeira contava com a colaboração de servidores públicos nas esferas federal, estadual e municipal.

Além disso, agentes do Estado eram utilizados para eliminar a concorrência, num claro controle territorial. “O recrutamento de policiais pela organização criminosa é claro e inconteste”, afirmou. Neste momento, o procurador Daniel Rezende Salgado, outro responsável pelos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo, faz sua exposição inicial na CPI.

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