Pazuello "previu" demissão e desabafou sobre boicote a vacina nacional, diz deputado à CPI

Pazuello "previu" demissão e desabafou sobre boicote a vacina nacional, diz deputado à CPI

Luis Miranda disse que ex-ministro da Saúde suspeitou de demissão por pressões políticas e de esquemas de corrupção na pasta

R7

Pazuello já havia responsabilizado antes sua demissão por pressões políticas

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O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirmou nesta sexta-feira à CPI da Covid que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello previu sua demissão poucos dias antes de ocorrer, por pressões políticas e de esquemas de corrupção. O encontro entre os dois teria ocorrido em março, durante transporte de vacinas em avião da FAB (Força Aérea Brasileira). 

"Ele olhou para minha cara, uma cara de descontentamento, e falou assim: 'Luis, eu não duro mais nem essa semana, é certeza. Eu vou ser exonerado. Eu tenho conhecimento de algumas coisas, tento coibir, mas, exatamente por eu não compactuar com determinadas situações, é que, assim, eu vou ser exonerado'", relembrou o deputado sobre encontro com o militar naquele mês.

Ainda de acordo com Miranda, ele teria então insistido para o então ministro não aceitar a situação, ao que Pazuello teria respondido com o desabafo sobre o suposto boicote que ele sofreu para desenvolver uma vacina nacional. "Ele mudou o assunto e falou assim: 'Vou te contar uma historinha só da vacina'. Aí ele me conta a história que, desde o meio do ano passado, ele estava lutando para a gente lançar a nossa vacina. Então, ele foi travado diversas vezes, ele teve dificuldade pra poder trabalhar", comentou.

O deputado foi então questionado pelos senadores sobre a contradição de sua fala com o depoimento de Pazuello à CPI que, ao ser perguntado pelo motivo de ter saído do Ministério, se limitou a responder: "Missão cumprida".  

Luis Miranda passou a então a falar da reação do militar a sua denúncia de suposto superfaturamento e favorecimento na compra da vacina indiana Covaxin contra a covid. Pazuello teria respondido uma reunião onde teria se recusado a "dar o pixuleco" para o pessoal, implicando negativa de supostas propinas. "O cara, olhando no meu olho, ele botou o dedo da minha cara e, olhando no meu olho, falou assim: 'Eu vou te tirar dessa cadeira'", disse o deputado, atribuindo a fala ao militar. 

Expressão parecida ("pixulé") foi usada pelo próprio ministro em março, ao justificar sua demissão implicando que teria se recusado a participar de esquemas de corrupção. Ele também afirmou, em conversa reservada com assessores, que teria sofrido pressão política por verbas federais e que havia um plano para tirá-lo do comando do ministério.


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