Pedro Parente negocia com petroleiros para evitar greve

Pedro Parente negocia com petroleiros para evitar greve

Presidente da Petrobras enviou uma carta a trabalhadores depois de encontro com Temer

Agência Brasil

Executivo inicia e conclui pela questionando contribuição de funcionários para fim dos protestos

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* Com informações da AE

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou nesta segunda-feira que o presidente Michel Temer já conversou com o presidente da Petrobras, Pedro Parente, sobre a ameaça de greve dos petroleiros. Padilha apelou para que a categoria não entre em greve num momento tão delicado, quando a BR Distribuidora está reabastecendo o país, ainda em situação dramática.

Segundo Padilha, a Petrobras já está negociando com os petroleiros para que não haja paralisação. Os petroleiros anunciaram que pretendem fazer na próxima quarta-feira uma greve nacional "de advertência" por 72 horas. A mobilização é liderada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados. No último fim de semana, a categoria afirmou ter feito operações-tartaruga nas seguintes refinarias e fábricas de fertilizantes: Rlam (BA), Abreu e Lima (PE), Repar (PR), Refap (RS), Araucária Nitrogenados (PR) e Fafen Bahia.

Em nota, a FUP informou que a paralisação dos petroleiros pretende pressionar pela redução dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis. A entidade também se mostra contrária à gestão de Pedro Parente. No entanto, o governo disse nesse domingo que não há hipótese de Parente deixar o cargo. "O presidente foi felicíssimo em escolhê-lo", disse Padilha na entrevista cedida nesta segunda-feira.

Segundo a Federação dos Petroleiros, a "greve de advertência é mais uma etapa das mobilizações que os petroleiros vêm fazendo na construção de uma greve por tempo indeterminado, que foi aprovada nacionalmente pela categoria", diz o comunicado da FUP.

A pedido do presidente, Michel Temer, na manhã desta segunda-feira, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, distribuiu uma carta aos empregados da estatal com o objetivo de tentar conter a greve de 72 horas marcada para iniciar na próxima quarta-feira. No texto, argumenta que a decisão de reajustar os preços dos combustíveis diariamente em linha com o mercado internacional foi tomada em defesa da companhia e para evitar o crescimento da dívida.

Carta

O executivo inicia e conclui a carta questionando a contribuição dos funcionários para o fim dos protestos dos caminhoneiros. "Como a Petrobras e a sua força de trabalho podem melhor ajudar o Brasil neste momento?", questiona. Em seguida, responde: "Não acreditamos que seja com paralisações e pressões para redução de nossos preços. Em nosso entendimento, isso teria justamente o efeito contrário: seria um retrocesso em direção ao aumento do endividamento, prejudicando os consumidores, a própria empresa, e, em última instância, a sociedade brasileira. Assim, neste grave momento da vida nacional, convidamos todos a uma cuidadosa reflexão", afirma Parente, no documento que inicia chamando os funcionários de "caros colegas".

A paralisação dos petroleiros foi definida no último sábado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP). O sindicato já vem realizando assembleias nas unidades operacionais da empresa desde o mês passado e obteve a autorização dos empregados para a mobilização. Por enquanto, o protesto tem período definido, de três dias, por isso é considerado apenas de advertência. Mas outra paralisação por tempo indeterminado ainda está sendo organizada. A FUP apresentou cinco pontos de reivindicação à direção da empresa. Entre elas está o pedido de demissão de Parente, além da mudança na política de preços, com redução dos valores cobrados nas refinarias.

Parente, na carta aos funcionários, classifica a atuação da direção da companhia como "firme e diligente". Ele ainda justifica a adoção da atual política de preços e diz que a recuperação financeira da companhia é a melhor contribuição a ser dada à sociedade, com a geração de emprego e desenvolvimento. "Uma Petrobras com menos dívidas, com mais investimentos e mais geração de empregos se faz com a defesa dos seus reais interesses e isso demanda ação firme e diligente dos seus dirigentes, com o indispensável apoio de sua força de trabalho. Como citamos acima, isso não é colocar a empresa antes do País ou dos consumidores ou ficar apegado a dogmas. Pelo contrário, quanto mais financeiramente saudáveis formos, melhor cumpriremos o nosso papel social de empresa que investe, produz, contrata e gera desenvolvimento", disse.

Assim como vem afirmando desde que a greve dos caminhoneiros foi iniciada, Parente repete que a estatal não é a única responsável pela formação dos preços dos combustíveis e destaca os impostos que incidem sobre a gasolina e diesel e contribuem com os caixas dos governos dos Estados e federal. "Culpar a Petrobras pelos preços considerados altos nas bombas é ignorar a existência dos outros atores, responsáveis por dois terços do preço da gasolina e metade do preço do diesel. Eles também precisam colaborar com a solução."

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