Polícia Federal indicia Bolsonaro por falsificação de certificado vacinal

Polícia Federal indicia Bolsonaro por falsificação de certificado vacinal

Mauro Cid também foi relacionado pelo crime

Correio do Povo

Polícia Federal indicia Bolsonaro por falsificação de certificado vacinal

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A Polícia Federal (PF) indiciou nesta terça-feira o ex-presidente Jair Bolsonaro por falsificação de certificado vacinal da Covid-19. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, também foi indiciado pelo mesmo crime.

No documento elaborado pela PF, constam os crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público.

Além do ex-chefe do Executivo e de Cid, o deputado Gutemberg Reis (MDB) também aparece na lista de indiciados.

A fase ostensiva do inquérito, batizada Operação Venire, foi a que, em maio do ano passado, prendeu o ex-aliado de Bolsonaro - cuja delação abasteceu as apurações que cercam o ex-presidente. A Venire é um dos braços do inquérito das milícias digitais, no bojo do qual a colaboração premiada de Cid foi homologada.

O indiciamento aportou no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, nesta segunda-feira, 18. Com o relatório final do inquérito, o caso segue para o Ministério Público Federal, a quem cabe analisar se oferece denúncia formal à Justiça para abertura de ação penal. O parecer deve ser dado pelo procurador-geral da República Paulo Gonet.

No caso de Cid, a apresentação de denúncia pode esbarrar no acordo de delação premiada fechado com a Polícia Federal. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro deu à PF detalhes que abasteceram os inquéritos das joias sauditas, da suposta tentativa de golpe de Estado e das fraudes na carteira de vacinação.

A investigação que culminou no indiciamento do ex-presidente se debruçou não só sobre fraudes em seu cartão de vacinação, mas também nos documentos de sua filha Laura, do coronel Mauro Cid, de sua mulher e de sua filha e ainda do documento do deputado Guttemberg Reis de Oliveira.

Ao autorizar as diligências principais da Verine, em maio de 2022, Moraes considerou "plausível, lógica e robusta" hipótese da Polícia Federal de o ex-chefe do Executivo, "de maneira velada e mediante inserção de dados falsos nos sistemas do SUS, buscar para si e para terceiros eventuais vantagens advindas da imunização, especialmente considerado o fato de não ter conseguido a reeleição nas eleições 2022".

Na ocasião, a Polícia Federal anotou que as provas indicavam que o ex-presidente tinha "plena consciência" da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, a qual pode "ter sido realizada com o objetivo de gerar vantagem indevida para o ex-presidente relacionada a fatos e situações que necessitem de comprovante de vacina contra a Covid-19.

Antes da abertura da investigação da PF sobre a fraude na carteira de vacinação de Bolsonaro, a Controladoria-Geral da União já investigava suposta inserção de dados falsos no documento do ex-presidente.

Ao todo, 18 pessoas são apontadas no documento.

Veja lista dos indiciados abaixo:

Jair Messias Bolsonaro

- Inserção de dados falsos em sistema de informações;

- Associação criminosa

Mauro Cid

- Falsidade ideológica de documento público;

- Inserção de dados falsos em sistema de informações, na forma tentada;

- Uso de documento ideologicamente falso;

- Associação criminosa.

Gabriela Cid

- Falsidade ideológica de documento público;

- Inserção de dados falsos em sistema de informações;

- Falsidade ideológica de documento público com dados das filhas;

- Uso de documento ideologicamente falso.

Luiz Marcos dos Reis

- Falsidade ideológica de documento público;

- Inserção de dados falsos em sistema de informações, na forma tentada.

Farley Vinicius de Alcantra

- Falsidade ideológica de documento público;

- Inserção de dados falsos em sistema de informações, na forma tentada.

Eduardo Crespo Alves

- Inserção de dados falsos em sistema de informações, na forma tentada.

Paulo Sérgio da Costa Ferreira

- Inserção de dados falsos em sistema de informações, na forma tentada.

Ailton Gonçalves Barros

- Inserção de dados falsos em sistema de informações;

- Falsidade ideológica de documento público;

- Associação criminosa.

Marcelo Fernandes Holanda

- Inserção de dados falsos em sistema de informações.

Camila Paulino Alves Soares

- Inserção de dados falsos em sistema de informações.

João Carlos de Sousa Brecha

- Inserção de dados falsos em sistema de informações;

- Associação criminosa.

Max Guilherme Machado de Moura

- Inserção de dados falsos em sistema de informações;

- Uso de documento falso;

- Associação criminosa.

Sérgio Rocha Cordeiro

- Inserção de dados falsos em sistema de informações;

- Uso de documento falso;

- Associação criminosa.

Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva

- Inserção de dados falsos em sistema de informações;

Célia Serrano da Silva

- Inserção de dados falsos em sistema de informações;

Gutemberg Reis de Oliveira

- Inserção de dados falsos em sistema de informações;

Marcelo Costa Camara

- Crime de Inserção de dados falsos em sistema de informações

O que diz a defesa de Bolsonaro

Nas redes sociais, o ex-ministro das Comunicações e advogado do ex-presidente, Fábio Wajngarten, lamentou o vazamento das informações. "Vazamentos continuam aos montes ou melhor aos litros. É lamentável quando a autoridade usa a imprensa para comunicar ato formal que logicamente deveria ter revestimento técnico e procedimental ao invés de midiático e parcial".

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