Presidente da ABDI deve ser exonerado após acusar secretário de Ministério da Economia

Presidente da ABDI deve ser exonerado após acusar secretário de Ministério da Economia

Luiz Augusto Ferreira disse que Carlos da Costa fez "pedidos não republicanos"

Estadão Conteúdo

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Depois de acusar o secretário de Produtividade e Emprego do Ministério da Economia, Carlos da Costa, de fazer pedidos "não republicanos", o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Luiz Augusto Ferreira, deve ser exonerado nos próximos dias. Segundo fontes, o secretário adjunto de Produtividade, Igor Calvet, é o mais cotado para assumir a agência. Calvet é o número dois da secretaria de Costa.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Ferreira disse ter sido pressionado por Carlos da Costa a bancar o aluguel de salas em São Paulo sem necessidade. De acordo com o presidente da ABDI, o aluguel serviria para abrigar escritórios da secretaria e criaria um custo adicional de R$ 500 mil por ano à agência, que é mantida por meio de repasses de recursos do Sistema S. Ele não quis revelar que outros pedidos "não republicanos" teriam sido feitos pelo secretário.

Mais cedo, o presidente Bolsonaro disse que "um dos dois, ou os dois perderão a cabeça". O Ministério da Economia concluiu nesta segunda-feira os trâmites para a exoneração de Ferreira e o pedido foi enviado para a presidência da República. Cabe ao presidente Bolsonaro nomear ou demitir os dirigentes da ABDI.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, teria conversado com Bolsonaro sobre o assunto. A disputa entre os subordinados teria desagradado Guedes, que considera, segundo interlocutores, que o governo não pode perder tempo com brigas internas.

Costa divulgou nota em que afirmou que "refuta terminantemente ter feito qualquer pedido não republicano" e disse que já está adotando medidas para acionar a Justiça contra "denúncias infundadas". "Todas as solicitações feitas pelo secretário foram literal e rigorosamente pautadas pelos princípios de economicidade, legalidade e legítimo interesse público", afirma o texto.

A relação entre Ferreira e Costa vem se deteriorando nos últimos meses e o conflito culminou em uma reunião do conselho deliberativo da ABDI, do qual o secretário é presidente. Costa teria questionado gastos da agência, entre eles o de cerca de R$ 7 milhões com um único escritório de advocacia, o que representa 8% do orçamento da agência.

Ferreira disse que a despesa se refere ao pagamento de honorários em um único caso, no qual a ABDI foi vencedora e recebeu R$ 65 milhões. O contrato previa o pagamento apenas se a causa fosse ganha e 11% de honorários, percentual, segundo ele, abaixo do cobrado no mercado. "Não faz o menor sentido os questionamentos do secretário. Ele sequer sabe do que está falando. Ele próprio aprovou as contas apresentadas no conselho de administração", afirmou. "Estou aguardando ser chamado para a apuração que o presidente da República determinou. Não existe governo do Carlos da Costa. Existe governo do presidente Bolsonaro".


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