Presidente da OAB pede investigações sobre "sistema de informação particular" de Bolsonaro

Presidente da OAB pede investigações sobre "sistema de informação particular" de Bolsonaro

Felipe Santa Cruz afirmou que declaração indica uso da função pública para interesses particulares

Estadão Conteúdo

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O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz afirmou que a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre seu "sistema de informação particular" precisa ser investigada. A fala foi dita durante a reunião ministerial de 22 de abril, ocasião em que o presidente reclamou dos relatórios que recebia de órgãos de inteligência do governo. “Sistemas de informações, o meu funciona. O meu particular funciona. Os que têm oficialmente, desinforma (sic). E voltando ao tema prefiro não ter informação a ser desinformado em cima de informações que eu tenho”, reclamou o presidente.

Em nota, Santa Cruz afirmou que Bolsonaro deve sérias explicações à nação e que sua declaração aponta para o uso de função pública para atender interesses particulares, que fere os princípios da impessoalidade e da moralidade. Nas redes sociais, o presidente da OAB ressaltou que não existe, legalmente, um sistema particular de inteligência sobre investigações de polícia civil e federal.

“Se a milícia foi promovida a um escritório estruturado de vazamentos, interferências e proteções, esta confissão precisa ser investigada”, afirmou Santa Cruz. Não existe, legalmente, um sistema particular de informação a presidente da república, sobre investigações de polícias civil e federal.

Após a liberação do vídeo da reunião, Bolsonaro foi questionado sobre o sistema de informação e disse que se trata de um grupo com ‘uma pessoa da imprensa, policiais e militares’ . “É um colega de vocês da imprensa que com certeza eu tenho, é um sargento no Batalhão de Operações Especiais no Rio, um capitão do Exército de um grupo de artilharia em Nioaque, um policial civil em Manaus. É um amigo que eu fiz em um determinado local faz anos, que liga pra mim e mantém contado pelo zap (WhatsApp). São essas informações que eu tenho pessoal minha. Descubro muitas coisas, que lamentavelmente não descubro via inteligência oficial, que é a PF, Marinha, Aeronáutica e Abin”, disse.

Felipe Santa Cruz, presidente nacional da OAB. Foto: OAB/Reprodução Bolsonaro disse durante a reunião ministerial que não pode ser "surpreendido com notícias" e cobrou relatórios de inteligência de todos os órgãos do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), que inclui a PF, Abin, Forças Armadas e outros ministérios, como a Advocacia-Geral da União. As declarações de Bolsonaro ecoam o que disse o ex-ministro Gustavo Bebianno, morto em março deste ano, sobre a intenção do filho do presidente e vereador Carlos Bolsonaro de criar uma "Abin paralela" , com policiais federais. A acusação foi dita durante entrevista ao Roda Viva, onze dias antes de morrer de um ataque cardíaco em seu sítio em Teresópolis (RJ).


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