Programa do PT não propõe a criação de "Poupança Fraterna" e "Moradia Social"

Programa do PT não propõe a criação de "Poupança Fraterna" e "Moradia Social"

Falsa informação foi divulgada por um homem em vídeo que tem circulado nas redes sociais nos últimos dias

Correio do Povo

Falsa informação foi divulgada por um homem em vídeo que tem circulado nas redes sociais nos últimos dias

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 São falsas as acusações de que o programa de governo do PT propõe o confisco de toda renda que exceda R$ 700 mensais por pessoa, além da cessão de quartos vagos em casas próprias para pessoas sem-teto, que seriam os programas “Poupança Fraterna” e “Moradia Social”, respectivamente. A falsa informação foi divulgada por um homem em vídeo que tem circulado nas redes sociais nos últimos dias.

 O homem afirma na gravação que essas são “duas verdadeiras atrocidades que estão inseridas no programa do governo do PT”. Para fazer essa verificação, o Comprova utilizou o programa de governo do presidenciável Fernando Haddad (PT) e pesquisou os projetos de lei existentes que propõem programas com esses nomes.

Também foi feita a busca reversa de frames da gravação com o intuito de chegar ao vídeo original e de descobrir a identidade do homem, mas ele permanece desconhecido. Os registros mais antigos do vídeo encontrados pelo Comprova na Internet são de segunda-feira, 8, embora a fala do seu interlocutor sugira que ele foi gravado antes do primeiro turno do pleito, que aconteceu no dia 7.

Sobre a Poupança Fraterna, o homem afirma que ela “visa limitar durante sete anos o consumo individual de cada brasileiro por mês a R$ 700” e que “esse dinheiro depois será, em tese, devolvido em 14 anos com metade dos juros da poupança”. Não existe nenhuma proposta similar a essa no programa de governo de Haddad.

De fato, existiu um projeto de mesmo nome e ideia similar, o de n° 137/2004. Ele foi proposto em 2004 pelo então deputado federal petista Nazareno Fonteles (PI). Três anos depois, porém, foi arquivado após se rejeitado pelo seu relator, o então deputado Max Rosenmann (MDB-PR), que morreu em 2008. O mesmo projeto não pode ser reaberto, porque Fonteles não é mais deputado.

O projeto realmente estabelecia um limite de renda mensal, mas ele era o equivalente a dez vezes o valor do PIB per capita mensal do brasileiro no ano anterior. Se estivesse em vigor em 2018, esse teto seria de R$ 12.680, e não de R$ 700. Todo o rendimento que ultrapassasse esse valor seria confiscado e ficaria em uma conta especial para o investimento em programas sociais. Os valores seriam devolvidos nos 14 anos seguintes ao período de sete anos.

Sobre o programa Moradia Social, o homem afirma que as casas que tivessem “um quarto sobrando” seriam transformadas em moradias sociais e seus proprietários seriam obrigados a abrigar pessoas sem-teto. “Veja, hoje você está apavorado porque o Movimento dos Sem-Teto está invadindo prédios vazios, amanhã você corre o risco de acordar com um sem-teto morando dentro da sua casa, alguém que você não sabe quais são o valores, a cultura, os princípios, e tudo isso apoiado por um governo petista”, diz.

Também não há qualquer proposta similar a essa no plano de Haddad. Em uma das dez menções ao termo “moradia” no documento, o presidenciável promete que “ vai enfrentar o desafio de garantir moradia digna para o povo, a partir da diversidade de alternativas de atendimento, contemplando: urbanização e regularização fundiária de loteamentos irregulares e assentamento precários; produção de unidades novas de Habitação de Interesse Social”, mas não menciona a invasão de casas particulares.

O projeto de lei 6342/2009 prevê a criação de um programa de mesmo nome, mas não menciona que pessoas sem-teto vão ocupar quartos vagos em residências particulares que estejam ocupadas. Ele foi proposto por dois deputados federais petistas: Paulo Teixeira (SP) e Zezéu Ribeiro (BA), e sugere a criação do Serviço de Moradia Social no âmbito do Sistema Nacional de Habitação (SNHIS) e o pagamento, por parte do poder público, do aluguel das moradias, ficando os beneficiários responsáveis por pagar tarifas e taxas de serviços públicos. Atualmente, um substitutivo do projeto está na Comissão de Finanças e Tributação (CFT).

Em apenas uma página do Facebook, o vídeo teve mais de 69 mil visualizações e foi compartilhado mais de sete mil vezes. O Comprova também recebeu diversos pedidos de verificação do vídeo através do WhatsApp.

O Comprova já havia desmentido o boato da “Poupança Fraterna” em agosto, quando esse programa estava atribuído aos planos de governo do Haddad e do então candidato Ciro Gomes (PDT). O Aos Fatos também desmentiu o vídeo.

Projeto Comprova

A verificação também foi feita pelo Poder360, NSC Comunicação, Gazeta do Povo, Uol, Sbt, O Povo, Estadão e Sistema Jornal do Commercio

O projeto colaborativo Comprova reúne 24 organizações brasileiras de mídia com o objetivo de combater desinformação e conteúdos enganosos na internet durante a campanha eleitoral. Denúncias de conteúdos suspeitos ou falsos relacionados às eleições podem ser feitas pelo número de WhatsApp (11) 97795-0022.

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