Projeto que flexibiliza relação trabalhista no campo tem tramitação suspensa

Projeto que flexibiliza relação trabalhista no campo tem tramitação suspensa

Autor da proposta pediu para texto ser recolhido para "correções"

AE

Autor da proposta pediu para texto ser recolhido para "correções" de proposta acusada de ser "escravagista"

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O polêmico projeto que pretende mudar a legislação trabalhista no campo terá a tramitação suspensa e será “corrigido”. O passo atrás foi dado pelo próprio autor, deputado Nilson Leitão (PSDB-MT). Com a decisão, será alterado o texto que foi acusado de escravagista ao prever descontar até 45% do salário para pagar alimentação e moradia dentro da fazenda, trabalhar 18 dias seguidos e autorizar a venda de 30 dias de férias.

“Já pedi ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a suspensão temporária da instalação da comissão e também para o projeto não tramitar”, explicou o deputado tucano. Leitão diz que, com essa suspensão, será possível “esclarecer, debater e corrigir qualquer interpretação diferente daquela que intencionamos”. O projeto foi apresentado no fim do ano passado com o objetivo de flexibilizar regras e delimitar responsabilidades na relação trabalhista rural.

O deputado não detalha quais pontos serão alterado nem em qual prazo ocorrerá o ajuste. Apesar do recuo, o deputado reafirma que o projeto de lei “assegura os direitos das partes, moderniza e formaliza a reação entre empregador e empregado” no campo. 

Na semana passada, o deputado havia defendido a ideia e rechaçou as acusações de que o projeto tinha características escravagistas. “Se servem alimentação para você, isso tem um custo. Se oferecem moradia, tem custo. Alguém tem que pagar isso e isso tem que ser formalizado”, explicou o parlamentar. Para delimitar responsabilidades e reduzir o risco do empregador na Justiça do Trabalho, o projeto prevê que a remuneração poderá ter desconto de até 20% do salário mínimo “pela ocupação da moradia” e até 25% pelo “fornecimento de alimentação sadia e farta”. Assim, com valores atuais, a casa e comida levariam 45% do salário ou R$ 421,65. Para os defensores do projeto, a regra inverterá o entendimento da Justiça que tem somado benefícios aos salários para calcular indenizações e multas.

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