PSol pede cassação do deputado Alberto Fraga por postagens sobre Marielle

PSol pede cassação do deputado Alberto Fraga por postagens sobre Marielle

Parlamentar teria publicado no Twitter informações falsas sobre vereadora morta na semana passada

AE

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O PSol protocolou, na tarde desta quarta-feira, uma representação no Conselho de Ética da Câmara contra o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) onde pede a cassação do mandato parlamentar por abuso de prerrogativas asseguradas aos membros do Congresso Nacional. O partido acusa o parlamentar de quebra de decoro por ter divulgado informações falsas sobre a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), executada na semana passada na capital fluminense.

Na sexta-feira, Fraga publicou no Twitter um comentário onde apontou a suposta relação entre Marielle e uma organização criminosa. "Conheçam o novo mito da esquerda, Marielle Franco. Engravidou aos 16 anos, ex-esposa de Marcinho VP, usuária de maconha, defensora da facção rival e eleita pelo Comando Vermelho, exonerou recentemente seis funcionários, mas quem a matou foi a PM", escreveu.

A postagem foi removida de seu perfil no domingo, após protestos dos internautas. "Apagar a postagem não apaga o mal feito", comentou o deputado Chico Alencar (PSol-RJ). O líder do PSol, Ivan Valente (SP), disse que Fraga criou uma situação de repúdio nacional. "Uma autoridade com a representação que ele tem não pode violentar a memória de uma lutadora social", disse. O presidente do Conselho, deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), informou à bancada do PSol que se a Secretaria Geral da Mesa liberar a representação até a próxima segunda-feira, será possível instaurar o processo no dia seguinte.

Na terça-feira, está marcada a sessão para votação da admissibilidade dos processos contra Paulo Maluf (PP-SP), João Rodrigues (PSD-SC), Lúcio Vieira Lima (MDB-BA) e Celso Jacob (MDB-RJ). "O que posso garantir é a celeridade no processo", disse o deputado, reconhecendo a gravidade da situação denunciada.

Corporativismo

A apreciação do processo de quebra de decoro parlamentar ficará a cargo de um colegiado que não costuma punir comentários e manifestações públicas de deputados, sob a alegação de que parlamentares têm o direito inviolável de manifestação pública de suas opiniões.

O caso mais recente foi do líder do Solidariedade, Wladimir Costa (PA), que teve dois pedidos de punição por quebra de decoro arquivados. Costa foi acusado de assédio a uma jornalista e de espalhar em um grupo de WhatsApp formado por parlamentares imagens montadas da filha adolescente da deputada Maria do Rosário (PT-RS). Já o deputado Éder Mauro (PSD-PA) foi acusado de divulgar um vídeo editado de um discurso do deputado Jean Wyllys (PSol-RJ), mas também escapou do processo por quebra de decoro parlamentar.

Em 2016, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ) se livrou de processo por apologia a ditadura. Wyllys destacou que a mobilização social a favor da punição de Fraga desta vez colocará o conselho em xeque e obrigará os parlamentares a puni-lo. "A brutalidade, a audácia dos assassinos provocaram uma onda de indignação e expõe o Conselho de uma maneira que nunca foi exposto", concluiu. Essa não é a primeira ação contra Fraga.

Na segunda-feira,os deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e Wadih Damous (PT-RJ) protocolaram uma representação na Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão contra o parlamentar. Os petistas pedem que Fraga seja investigado pelo crime de calúnia.

Comissão

Hoje, a comissão externa criada pela Câmara para acompanhar as investigações sobre o assassinato de Marielle apresentou seu plano de trabalho. Os parlamentares farão diligências, encontros com as autoridades responsáveis pela apuração do caso e audiências públicas. Os membros da comissão também aprovaram um convite para ouvir o presidente da EBC, Laerte Rímoli, sobre a informação de que a direção da empresa orientou a redução da cobertura do caso Marielle. Os trabalhos serão coordenador pelo deputado Jean Wyllys, amigo da vereadora.

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