"Queremos fazer uma política de ganha-ganha", diz Lula sobre acordo Mercosul-UE

"Queremos fazer uma política de ganha-ganha", diz Lula sobre acordo Mercosul-UE

Presidente reitera críticas a exigências dos europeus na questão climática e diz que sul-americanos não podem ser ameaçados

R7

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira que o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia deve ser bom para os dois blocos e espera que o tratado seja uma “política de ganha-ganha” para todos. Negociado desde 1999, o acordo está em fase de revisão, mas há entraves por parte dos europeus na questão ambiental e sobre compras governamentais, com os quais Lula não concorda.

“Queremos fazer uma política de ganha-ganha. A gente não quer fazer uma política que eles ganhem e a gente perca. Eles fizeram uma proposta, fizemos uma resposta, eles mandaram uma carta para nós impondo algumas condições. Nós não aceitamos a carta, e agora estamos preparando outra resposta. Vamos a Bruxelas discutir com a União Europeia e precisamos ter uma resposta do que nós queremos para consolidar o acordo”, comentou o presidente em live nas redes sociais.

A carta adicional citada por Lula foi enviada pela União Europeia ao Mercosul em março deste ano, e no documento os europeus exigiram mais compromissos ambientais por parte de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai para finalizar o tratado. Além disso, o texto formulado pela União Europeia impõe sanções em caso de descumprimento de metas, mas só para o lado sul-americano.

Lula diz que o documento é inaceitável. “Nós não queremos imposição para cima de nós. É um acordo de companheiros, de parceiros estratégicos. Então, nada de um parceiro estratégico colocar a espada na cabeça do outro. Vamos sentar, vamos tirar nossas diferenças e vamos ver o que é bom para os europeus, para os latino-americanos, para o Mercosul e para o Brasil”, frisou.

Nesta terça, Lula vai receber o comando do Mercosul, em Puerto Iguazú, na Argentina. A presidência do bloco vai ficar por seis meses com o Brasil. Na reunião, o presidente pretende abordar o acordo com a União Europeia. Lula quer evitar, sobretudo, que sejam estabelecidas punições que não estão previstas nem em acordos sobre o clima que União Europeia e Mercosul já assinaram.

“Para todos eles [líderes da União Europeia] eu disse que a carta era inaceitável tal como foi escrita. Era e é inaceitável. Você não pode imaginar que um parceiro comercial seu pode te impor condições. ‘Se você não fizer tal coisa, vou te punir’. Acontece que países ricos não cumprem nenhum dos acordos [climáticos]. Não cumpriram o protocolo de Kyoto, as decisões de Copenhagen, não conseguiram cumprir a decisão do Rio-92 e não vão cumprir a questão do Acordo de Paris".

Além da questão do clima, Lula não quer mudanças nas regras de compras públicas. Segundo ele, o governo não pode ser impedido de fazer licitações com empresas nacionais, pois ao adquirir produtos do próprio país, o governo incentiva a indústria local. De acordo com o presidente, se o Brasil for obrigado a comprar do exterior, isso seria o fim de pequenos e médios empreendimentos.

“Se a gente abrir mão das empresas brasileiras para comprar das empresas estrangeiras, a gente simplesmente vai matar pequenas e médias empresas brasileiras e pequenos e médios empreendedores. Vamos matar muitos empregos aqui no Brasil". 


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