Relator da Reforma Tributária diz que limitará ações de Conselho Federativo

Relator da Reforma Tributária diz que limitará ações de Conselho Federativo

Colegiado se transformou em debate que divide governadores, que tem a perda da autonomia sobre a gestão das próprias receitas

AE

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O relator da reforma tributária no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), afirmou que vai delimitar as atribuições do Conselho Federativo, a ser criado para gerir o novo IVA (Imposto sobre Valor Agregado), na Proposta de Emenda Constitucional que altera a tributação sobre o consumo.

O texto da reforma aprovado na Câmara remete essa regulamentação a uma lei complementar, a ser discutida após a aprovação da espinha dorsal da reforma. Braga, contudo, afirmou que vai antecipar a discussão para esta etapa no Legislativo.

"As competências do Conselho Federativo estarão no comando constitucional de forma clara, porque a questão federativa é uma questão do pacto federativo e está na Constituição, e assim será preservado", disse. "Agora as questões técnicas, assim como ocorre no Simples Nacional, serão exercidas pelo Conselho Federativo." O relator participou de um debate sobre a reforma promovido pelo Grupo Esfera, no Guarujá, no sábado.

A opinião de Braga vai de encontro ao que propôs o Ministério da Fazenda na concepção da reforma, que queria evitar o assunto neste momento, concentrando-se sobre os princípios da mudança tributária. Mas a governança do conselho se transformou em um debate que divide os governadores, temerosos de perder autonomia sobre a gestão das receitas estaduais.

O Conselho Federativo vai concentrar a arrecadação de cinco tributos que incidem sobre o consumo - IPI, PIS e Cofins (federais) e ICMS (estadual) e ISS (municipal) - e distribuir para os entes federados. A centralização é importante para garantir que impostos recolhidos ao longo da cadeia sejam ressarcidos para as empresas sem que um Estado tenha que arcar mais com esse pagamento do que outros, o que poderia emperrar a devolução. A não cumulatividade é um dos pilares da atual reforma tributária.

Mudança 

Durante a tramitação na Câmara, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), patrocinou uma modificação no texto para evitar que os Estados do Norte e Nordeste, mais numerosos, controlassem as decisões do conselho. Isso incomodou os políticos dessas regiões, como Braga, que viram na iniciativa uma afronta ao equilíbrio federativo. Desde que a tramitação começou no Senado, o relator vem sinalizando que fará alterações ao texto para preservar o que ele considera ser uma relação equânime entre todos os Estados.

No sábado, Braga avançou ao indicar que, ao delimitar que o conselho será meramente operacional, não há motivos para disputas políticas pela sua governança. "O Conselho Federativo será técnico, administrativo. Não tem espaço político no Senado para que o conselho tenha outras funções. Caso contrário, existem inúmeras emendas de senadores, inclusive com propostas radicais de extinção do conselho, o que inviabilizaria a metodologia aprovada na Câmara."

O relator afirmou ainda que esta é a principal preocupação dos governadores e que será esclarecida em reunião amanhã, em Brasília, que deverá reunir os líderes regionais para debater a reforma.


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