Relator do Marco de Garantias no Senado articula para que Câmara mantenha modificações no texto

Relator do Marco de Garantias no Senado articula para que Câmara mantenha modificações no texto

Texto precisará de uma reanálise por parte dos deputados

R7

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O senador Weverton Rocha (PDT-MA), relator da proposta do Marco de Garantias, cujo texto foi aprovado no Senado em forma de um substitutivo,  trabalha para garantir que modificações feitas ao projeto sejam mantidas pela Câmara.

A proposta busca regulamentar e desburocratizar as garantias de empréstimos. Pelo potencial de facilitar a liberação de créditos, o governo federal também articula para concluir a análise da matéria. 

Atualmente, os credores precisam ir à Justiça para cobrar bens indicados como garantia em caso de inadimplência. Somente em relação a imóveis essa etapa não é exigida. O projeto estende a possibilidade de cobrança extrajudicial a partir de bens móveis, como veículos. Também prevê execução da dívida diretamente em cartório, sem precisar judicializar o caso, desde que se refira a créditos concedidos com garantias reais. 

O relator avalia que, por parte da Câmara, há ambiente para acatar mudanças feitas ao texto. O projeto foi aprovado em junho pelos deputados, mas como sofreu muitas alterações, volta para uma nova análise dos deputados. "Acredito que há muito boa vontade, até porque em todo o processo de construção do meu substitutivo mantive um diálogo permanente com os deputados", sinalizou Weverton. 

Na manhã da votação do projeto, na semana passada, o relator tomou café com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para discutir o marco das garantias e alinhar as expectativas. "Muitos pontos foram amadurecidos e incluídos. Agora a Câmara vai analisar e, caso haja um ponto ou outro de divergência, serão feitos ajustes lá", disse o senador. 

Das alterações, a que retirou a possibilidade de penhora do único imóvel da família foi uma das que mais chamou atenção. O relator também afastou a possibilidade de que o protesto de dívida seja inscrito na matrícula do único imóvel do devedor. "A intenção é alcançar os devedores que têm mais patrimônio e ainda assim insistem na inadimplência", explicou Weverton. O descumprimento dessa regra poderá fazer com que o credor pague indenização por danos matérias e morais.

Veja as principais mudanças

O substitutivo aprovado no Plenário também tornou facultativa a criação das Instituições Gestoras de Garantia (IGG), que funcionariam como intermediárias na tomada de empréstimos. A avaliação feita foi a de que a criação traria burocratização ao sistema de garantias e que as instituições de crédito possuem capacidade para atender à população. 

Manteve-se, ainda, o monopólio da Caixa Econômica ao penhor civil, ou seja, empréstimo com garantias de joias, obras de arte e outros bens de valor. O Senado também priorizou a publicação do protesto em meio eletrônico e buscou simplificar o processo de emissão de debêntures, títulos de dívidas emitidos por empresas de capital aberto na bolsa de valores. 

Para o agronegócio e empresários foi dada a possibilidade de a fiança bancária ser reduzida proporcionalmente ao saldo devedor nos casos de financiamentos com recursos dos Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, visando trazer maior possibilidade de investimentos. 

O trecho que possibilitava a cobrança extrajudicial de dívidas sem garantia foi retirado do substitutivo durante a votação em plenário e será tratada em um projeto à parte na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). 

Mesmo favorável à desjudicialização, o senador Carlos Portinho (PL-RJ), autor de um destaque para retirar do projeto o capítulo, destacou que é necessário aprofundar a discussão. "Vamos poder discutir melhor os termos e conseguir segurança jurídica quanto à proteção de dados e outras questões acerca das execuções por cartório", justificou. 


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