Se Putin viesse ao G20, outros líderes deixariam a sala, diz Lula
Putin tem contra ele um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), mas Lula afirmou que esse seria um problema pequeno
publicidade
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista à CNN americana, divulgada hoje, que haveria desconforto no G20 caso o presidente da Rússia, Vladimir Putin, participasse da reunião. O motivo é a invasão da Ucrânia pelos russos.
Putin tem contra ele um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), mas Lula afirmou que esse seria um problema pequeno. "O problema não é apenas proteger o Putin para não ser preso no Brasil. Isso é a coisa mais fácil de fazer. O problema é que tem no G20 vários presidentes que não ficariam na sala se o Putin entrasse. Todos os países europeus participam do G20, mais os Estados Unidos, o que seria uma coisa muito desconfortável”, declarou o presidente brasileiro.
Putin será representado por seu chanceler, Serguei Lavrov. Lula disse que é necessário acabar com a guerra para que Putin possa voltar a "andar no mundo”. “As coisas do Putin vão ser resolvidas quando acabar a guerra na Ucrânia. Aí ele pode participar de uma reunião do G20, como pode participar o (presidente ucraniano, Volodmir) Zelenski. O Zelenski poderia ser convidado. Acontece que eu não quero discutir a guerra no G20”.
O mandado de prisão, emitido em março do ano passado, tem como causa acusações de transferência e deportação ilegal de crianças durante o confronto na Ucrânia. Lula falou ainda sobre a guerra em Gaza e classificou como "vingança desumana” a resposta de Israel aos ataques terroristas do Hamas. “O que não é correto é a gente ver um Estado forte como Israel acabar com o povo que mora na Faixa de Gaza”, disse.
"Nós condenamos o Hamas quando ele invadiu Israel. E ao mesmo tempo condenamos Israel por essa vingança desumana que fez na Faixa de Gaza. Lamentavelmente, a ONU está enfraquecida, não pode tomar decisões”.
Declaração
Enquanto se prepara para receber os líderes, o governo brasileiro defende que o G20 alcance uma declaração final focada na "necessidade de avançar em negociações de paz” na guerra da Ucrânia, que estará em discussão assim como a guerra em Gaza.
Segundo o embaixador Mauricio Carvalho Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, principal negociador do país no G20, as guerras drenam “atenção política” e “recursos financeiros” em detrimento de outras iniciativas que são parte das prioridades do Brasil, como combate à fome e à pobreza e as mudanças climáticas.
Embora o tema tenha sido levantado por delegações ao longo do ano, a diplomacia brasileira emplacou uma manobra para evitar que dominassem a pauta dos encontros ministeriais e impedissem a publicação de comunicados conjuntos.